1 ano após o escândalo de fraude na Americanas: mudanças na liderança, acusações e controvérsias na CPI

Há um ano, no dia 11 de janeiro de 2023, uma grande empresa de varejo brasileira enfrentou um escândalo quando divulgou “inconsistências contábeis” em seus balanços. O prejuízo estimado era de cerca de R$ 20 bilhões, e desde então a empresa tem lutado para se recuperar.

A Americanas, uma das empresas mais tradicionais do país, entrou em um processo de recuperação judicial no final do ano passado, após nove meses de negociações com seus credores. O acordo foi aprovado por 91,4% dos votantes na Assembleia Geral de Credores. A homologação deve ocorrer nas próximas semanas.

A recuperação judicial permite às empresas renegociar suas dívidas e evitar a falência. Durante esse processo, a empresa não precisa pagar seus credores durante um determinado período de tempo, mas precisa apresentar um plano para acertar suas contas e continuar em operação.

A crise na Americanas começou em janeiro de 2023, quando a empresa divulgou as “inconsistências contábeis” em seus balanços, totalizando R$ 20 bilhões. Essa revelação levou à renúncia do CEO e do diretor financeiro da empresa.

A situação financeira precária da empresa causou pânico entre os investidores, resultando em diversas instituições financeiras revisando a situação da Americanas. Os papéis da empresa foram colocados em leilão pela Bolsa de Valores do Brasil (B3).

A Americanas enfrentou uma crise sem precedentes em sua história centenária, e seu processo de recuperação judicial busca agora trazer a empresa de volta à estabilidade financeira.

Hoje vamos falar sobre um acontecimento marcante no mercado financeiro: as negociações em momentos de variação brusca das ações. Um exemplo desse cenário foi o desabamento de quase 80% dos papéis da empresa Americanas durante o pregão de 12 de janeiro de 2023, a maior queda diária de uma empresa de capital aberto no país desde 2008.

A causa desse colapso nas ações da Americanas foi revelada por Sergio Rial, ex-presidente da varejista. O problema estava nas operações de risco sacado, uma linha de crédito na qual a empresa faz uma triangulação entre fornecedores e instituições financeiras. No entanto, a Americanas não registrou corretamente essas operações em seus balanços contábeis, escondendo seu verdadeiro grau de endividamento.

Essa fraude o levou a enfrentar uma batalha judicial com seus credores, que se arrastou ao longo do ano. A empresa inicialmente chamou o escândalo de “rombo contábil”, mas posteriormente admitiu publicamente que se tratava de uma “fraude”.

Em meio a esse turbilhão, a Americanas anunciou um novo CEO, Leonardo Coelho Pereira, em fevereiro de 2023. Ele assumiu o cargo em substituição a um interino e trouxe consigo uma experiência relevante em empresas de varejo, agronegócio, construção e energia. Pereira foi um dos principais depoentes em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava o escândalo na Americanas, onde revelou documentos que comprovavam a manipulação dos resultados financeiros da empresa.

Ao depor na CPI, Coelho Pereira classificou a fraude nos balanços da Americanas como uma “fraude de resultados” e acusou diretorias anteriores de terem praticado ou sido coniventes com irregularidades. Ele também revelou o uso de contratos de verbas de publicidade fraudados para inflar os resultados da empresa. No entanto, não houve indícios de envolvimento do Conselho de Administração ou dos acionistas de referência da Americanas nas ilegalidades.

Essa é uma história que mostra como uma empresa pode ser afetada por práticas irregulares e como o mercado e os investidores reagem a perdas significativas. A Americanas enfrentou um desafio financeiro sério, mas com um novo CEO e medidas corretivas em vigor, a empresa espera se recuperar e retomar sua estabilidade no mercado.

Após mais de quatro meses de investigação, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) encerrou seus trabalhos sem encontrar os responsáveis pela fraude contábil na Americanas. O relatório final da comissão não pediu o indiciamento de ninguém e apenas sugeriu ao Ministério da Fazenda que fortalecesse a fiscalização.

De acordo com o deputado Carlos Chiodini, autor do relatório, a CPI teve dificuldades para avançar nas investigações devido ao silêncio dos depoentes. Apesar de ter encontrado evidências de fraude na Americanas, a comissão não conseguiu identificar os culpados, deixando essa tarefa para o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, que estão investigando o caso.

No primeiro ano após a revelação do rombo bilionário, houve uma troca de acusações entre a nova e a antiga diretoria da empresa. A Americanas acusou o ex-CEO Miguel Gutierrez de ter conhecimento das irregularidades, enquanto Gutierrez rebateu as acusações, afirmando que as informações foram apresentadas fora de contexto.

A empresa também respondeu a uma ação do Bradesco, sugerindo que Gutierrez e o banco teriam feito um conluio para atacar a Americanas. Apresentou cópias de e-mails obtidos na investigação interna, nos quais Gutierrez ironizava os questionamentos da auditoria interna e discutia como responder a perguntas sobre o assunto.

No geral, a CPI não conseguiu apontar os responsáveis pela fraude contábil na Americanas, deixando essa tarefa para as autoridades competentes, enquanto a empresa e o ex-CEO continuam trocando acusações.

Em 2023, a varejista brasileira Americanas enfrentou desafios significativos, incluindo um escândalo contábil, prejuízos financeiros consideráveis e a aprovação de um plano de recuperação judicial. A empresa divulgou balanços revisados que revelaram perdas significativas nos anos de 2021 e 2022. A Americanas alega que esses resultados são consequência de um fraco desempenho operacional, altas despesas financeiras e lançamentos extraordinários.

No final de 2023, a empresa conseguiu aprovar um plano de recuperação judicial com seus credores. O plano envolve uma injeção de R$ 24 bilhões na Americanas, com R$ 12 bilhões sendo investidos pelos acionistas de referência da empresa. Os bancos credores converterão R$ 12 bilhões em dívidas da empresa em ações. Após a aprovação do plano, a Americanas espera reconstruir sua operação e situação financeira, retomar o crescimento e preservar milhares de empregos.

A Americanas projeta uma nova fase em 2024, após enfrentar um dos anos mais desafiadores de sua história. A empresa está aguardando a homologação do plano de recuperação judicial, que foi aprovado por 97% dos detentores de créditos. Com o modelo estratégico em vigor, a Americanas almeja retomar o crescimento e alcançar uma nova transformação operacional e financeira, garantindo a estabilidade de empregos gerados em todo o país.

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