Profissionais de saúde de Unidade de Pronto Atendimento (UPA) estão sem receber salários há meio ano após tragédia com paciente vítima de dengue.

Os médicos que trabalham nas unidades de saúde de Águas Lindas de Goiás estão enfrentando atrasos no pagamento de seus salários e escalas de plantão. A gestão das unidades é feita por Organizações Sociais contratadas pelo município. Alguns médicos relatam que estão sem receber desde junho do ano passado e que parte do salário de novembro só foi pago em janeiro. Além disso, destacam que, em dezembro, uma paciente com dengue faleceu na UPA de Águas Lindas, o que gerou revolta por parte da família.
Após o ocorrido, alguns médicos foram proibidos de falar sobre os atrasos e um profissional foi afastado da empresa. Desde dezembro, diversos médicos têm denunciado a situação caótica que estão enfrentando, com falta de descanso adequado e problemas recorrentes de atraso de pagamento. Alguns médicos preferiram não se identificar por medo de represálias.
Os médicos são contratados como Pessoas Jurídicas pela empresa HelpMed, que presta serviços ao Instituto de Saúde e Cidadania (Isac), a Organização Social responsável pelo gerenciamento das unidades de saúde. Os profissionais relatam que têm tido que lidar com diferentes problemas para justificar os atrasos, inclusive com propostas de desconto para receberem seus salários de forma parcelada.
Vários médicos tiveram que recorrer a empréstimos para conseguir pagar suas contas, e alguns estão enfrentando problemas de saúde, como ganho de peso e crises de ansiedade, devido à situação. Por medo de não receberem, os médicos têm evitado fazer escalas de plantão, o que tem afetado a quantidade de profissionais disponíveis nas unidades de saúde.
A situação se agravou em junho de 2023, quando os atrasos se tornaram ainda mais frequentes.

Um instituto de saúde suspendeu seus serviços alegando não ter recebido um repasse de R$ 7 milhões da prefeitura. No entanto, a empresa garantiu que os pagamentos serão feitos pela secretaria municipal. A prefeitura criou um fundo para quitar as dívidas do instituto, e os pagamentos serão feitos de acordo com o desconto oferecido por cada empresa. Apesar disso, as despesas com as empresas não constam no Portal da Transparência do município.

O instituto em questão já era conhecido na região, tendo deixado problemas em outra cidade onde havia firmado contrato de gestão com a prefeitura. O Ministério Público de Contas também publicou um parecer contrário ao instituto, apontando irregularidades em contratos firmados com outros municípios.

A reportagem procurou o governo local, mas não obteve resposta. As empresas citadas também não se manifestaram até o momento.

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