O retorno de Lula desperta temores do comunismo entre seus opositores.

A Guerra Fria, conhecida como a batalha entre capitalismo e comunismo, terminou em 1991 com o colapso da União Soviética. No entanto, há grupos que duvidam da vitória do bloco das democracias liberais liderado pelos Estados Unidos e acreditam que os comunistas se reorganizaram para alcançar seus objetivos, representando um risco para o mundo livre.

No Brasil, há preocupação sobre a forma como o presidente Lula (PT) celebrou a aprovação de Flávio Dino como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), referindo-se a ele como um “ministro comunista”. Lula, fundador do Partido dos Trabalhadores (PT), inspirado em pensamentos de Karl Marx, não defende uma revolução armada nem o fim da propriedade privada, mas seus opositores acreditam que ele busca construir um poder totalitário e minar as liberdades individuais, como a liberdade de expressão.

A fala de Lula despertou manifestações de opositores, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que afirmou que os comunistas tentam fazer as pessoas acreditarem que o comunismo é apenas uma fantasia. O político Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também se pronunciou contra Lula, alegando que o comunismo é um sistema assassino que busca abolir a religião e possui um histórico de perseguição.

O escritor Olavo de Carvalho, antes de falecer em 2022, também era uma referência para conservadores e alertou sobre a influência comunista na cultura, citando a dominação cinematográfica por parte da KGB, polícia secreta da extinta União Soviética. Ele teorizou sobre o “marxismo cultural” e acredita que tal influência resultaria no fim do cristianismo e na implementação de uma mentalidade comunista de concentração de poder e autoritarismo.

O influenciador digital Leandro Ruschel, associado à base de apoio do presidente Bolsonaro, também se pronunciou sobre a aceleração da implementação do “comunismo” no Brasil, destacando a concentração de poder, o autoritarismo, a perseguição a quem pensa diferente e a diminuição da iniciativa individual.

O presidente do Brasil, Lula, tem sido alvo de discussões sobre se ele é ou não comunista. Enquanto perfis conservadores de direita o acusam dessa filiação ideológica, especialistas políticos têm uma visão diferente. Segundo Rui Tavares Maluf, cientista político, Lula é um populista de esquerda, mas não um comunista ou socialista. Ele afirma que Lula mantém relações com comunistas mais antigos, mas não tem intenção de quebrar o sistema democrático. Além disso, os comunistas de hoje em dia na política jogam o jogo democrático e têm consciência das limitações do poder. No entanto, como populista de esquerda, Lula concentra poder demais, o que pode ser prejudicial para a democracia.

Uma das preocupações dos conservadores em relação ao comunismo é a postura que a ideologia clássica marxista tem em relação à religião. Durante sua campanha contra o ex-presidente Bolsonaro, Lula travou uma disputa pelos votos dos evangélicos. Após celebrar um ministro comunista no Supremo Tribunal Federal, Lula reafirmou sua fé em Deus. Ele declarou que o que resolve os problemas de um povo não é instigar o ódio, mas sim acreditar em Deus. Essa declaração foi feita durante um evento no Espírito Santo, onde Lula entregou uma obra.

É importante ressaltar que, apesar das discussões sobre a filiação comunista de Lula, é consenso entre os especialistas que ele não é um comunista ou socialista. No entanto, as atitudes como populista de esquerda podem trazer consequências para a democracia. A disputa política em torno dessa questão também pode atrapalhar um debate mais amplo sobre os desafios do governo de Lula.

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