A construção de uma narrativa: militares evitaram um golpe

Apesar das pesquisas de opinião indicarem que a maioria esmagadora dos brasileiros era contra o golpe, houve uma intensa pressão internacional, principalmente dos Estados Unidos e da Comunidade Europeia, para evitar a tomada ilegítima de poder. Mesmo com o apoio de Bolsonaro, o presidente norte-americano Joe Biden se recusou a respaldar qualquer medida golpista, chegando a enviar autoridades de alto escalão para dissuadir as Forças Armadas brasileiras de cometer um golpe.

Não obstante, diversos líderes militares, incluindo ex-comandantes e generais de alta patente, demonstraram apoio aos movimentos golpistas que visavam impedir a posse do candidato eleito, gerando uma instabilidade política e social na nação. A presença de figuras influentes como Maria Aparecida Villas Bôas e o vice-presidente Braga Neto nos acampamentos de apoiadores de Bolsonaro evidenciou a adesão de setores militares a essas iniciativas antidemocráticas.

O comandante do Exército na época, Marco Antônio Freire Gomes, recusou-se a participar de planos golpistas articulados pelo presidente Bolsonaro, embora tenha sido pressionado em reuniões diretas com o mandatário. O desfecho desse conflito culminou na tentativa fracassada de golpe durante a “Festa da Selma”, que foi prontamente desarticulada pela resistência democrática e ação tardia das autoridades locais.

A invasão de prédios governamentais e a proteção concedida pelos militares aos golpistas frustrados destacaram a presença e a conivência de certos setores das Forças Armadas com a ameaça à ordem constitucional. A procrastinação da prisão dos envolvidos, sob a justificativa de respeito à democracia, permitiu a fuga de alguns membros dos acampamentos, questionando a narrativa de que a estabilidade foi preservada graças à postura democrática dos militares.

Em tempos atuais, os golpistas representam uma preocupação constante para a sociedade. Mesmo diante de derrotas, eles persistem em suas atividades fraudulentas, mantendo-se ativos e buscando novas oportunidades para agir. A ideia de que possam desistir após um revés é mera ilusão, uma vez que estão sempre dispostos a tentar novamente.

A democracia no Brasil, por sua vez, não pode ser vista como algo infalível ou imune a tais ameaças. Longe de ser perfeita, ela apresenta suas próprias vulnerabilidades e desafios, requerendo constante vigilância e engajamento por parte da população para proteger suas instituições e valores democráticos.

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