Análise do acampamento bolsonarista no QG: discutindo ódio, oração e golpe

Um acampamento bolsonarista realizado em frente ao Quartel-General do Exército de Brasília teve uma duração de 71 dias, inundando o país com atividades marcadas pelo ódio, orações e planos de golpe de Estado. Durante esse período, o acampamento abrigou uma realidade paralela, onde idosos serviam café e militares reformados ensinavam táticas de guerrilha. A maioria dos participantes do acampamento era composta por empresários, autônomos, aposentados, grupos armamentistas e militares reformados, com pessoas de alto poder aquisitivo e de pele branca. O acampamento contava com barracas, como uma “minicidade golpista”, e diversas tendas serviam refeições diárias provenientes de doações de empresários e bolsonaristas.

O acampamento, que teve início após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente, recebeu o apoio de manifestantes que não dormiam no local, mas escolhiam voltar todos os dias. A estrutura do acampamento ocupou parte do Quartel-General do Exército e foi permitida a permanência dos golpistas.

A participação nesse acampamento foi predominantemente composta por pessoas de alto poder aquisitivo e brancas, incluindo empresários, autônomos, aposentados e militares reformados. Durante os 71 dias, o acampamento abrigou momentos de orações, mas também planejamentos de atos terroristas como atentado com bombas. Além disso, os acampados receberam aulas de táticas de guerrilha por parte de militares reformados.

A estrutura do acampamento incluía barracas e várias tendas, algumas delas funcionando como cozinhas, onde eram servidas três refeições diárias graças a doações de empresários e contribuições financeiras via Pix feitas por bolsonaristas acampados.

No último domingo, um grupo de manifestantes pró-Bolsonaro se reuniu em frente ao QG do Exército em Brasília. Além de expressarem seu apoio ao presidente, também direcionaram sua raiva contra o ex-presidente Lula, o ministro do STF Alexandre de Moraes e até mesmo nordestinos. Durante o protesto, foram registrados discursos de incitação à violência contra autoridades e o Papa Francisco também foi alvo de ataques.

Um aspecto notável do protesto foi a presença de tendas para orações e também “do ódio”. Enquanto uma atraía fiéis que rezavam regularmente, a outra, em cima de uma carreta, permitia que líderes incitassem a violência e entoassem palavras de ordem contra as autoridades mencionadas. Comentaristas do evento defendiam que a esquerda é satanista e estava amaldiçoando os comandantes militares.

Além disso, o discurso entre os manifestantes incluía notícias falsas e xenofobia. Espalhavam-se fake news sobre Alexandre de Moraes, a deputada Carla Zambelli e até mesmo alegações de que Bolsonaro teve votos roubados. Também defendiam que as Forças Armadas teriam poder para tomar a Presidência de Lula.

O protesto, que foi comparado ao “novo 7 de setembro”, também contou com a presença de manifestantes que pediam intervenção militar no Brasil. O acampamento no local tinha até mesmo um teatro de fantoches para entreter as crianças presentes.

Grupos de manifestantes pró-golpe estão acampados há 15 dias em frente ao QG do Exército, em Brasília. Durante esse período, diversas declarações e notícias falsas circularam entre os participantes da manifestação, vindas de diferentes redes sociais como WhatsApp, Telegram e Gettr.

Uma das organizadoras do protesto chegou a compartilhar uma informação falsa sobre um suposto ministro dos Emirados Árabes Unidos que se recusaria a reconhecer a vitória de Lula nas eleições contra Bolsonaro. No entanto, esse ministro e o nome por ele usado não existem, tratando-se de uma piada envolvendo um trocadilho.

Entre os acampados, havia também um indivíduo chamado George Washington de Oliveira Sousa, que foi preso com um arsenal de armas e explosivos pouco antes do Natal de 2022. Ele admitiu em depoimento que planejava realizar atentados a bomba em Brasília e estava “preparado para matar ou morrer”. Segundo ele, seu objetivo era participar dos protestos em frente ao QG do Exército e aguardar uma convocação das Forças Armadas para pegar em armas e derrubar o comunismo.

Além disso, um manifestante utilizou um palco instalado no QG do Exército para convocar atiradores legalizados e colecionadores de armas para protestos na capital. Em um vídeo, ele questiona o que acontecerá caso eles percam essa batalha e pede para que os presentes mostrem sua presença, finalizando o discurso com a bandeira do Brasil nas mãos.

Após a desmobilização do acampamento, foi encontrada uma arma de fogo na área do Setor Militar Urbano (SMU) onde o QG estava localizado.

No acampamento golpista, realizado por bolsonaristas, um revólver foi encontrado dentro de um lago. Durante os 71 dias de manifestação, várias doações e dinheiro vivo eram utilizados para sustentar a estrutura do acampamento. Muitas pessoas em situação de rua começaram a ocupar o local, e algumas até defendiam o território de “infiltrados”. Não se sabe ao certo quem financiava o acampamento, mas a arrecadação em dinheiro era evidente. Carretas com alimentos eram entregues, incluindo pão com mortadela, biscoitos e frutas. Além disso, ocorriam almoços e jantares com churrasco e outros pratos. Houve relatos de que alimentos com laxante e até chumbinho estavam sendo entregues por “petistas infiltrados”, o que levou a um alerta para procurar as mesmas tendas de distribuição.

No acampamento, também era comum ver bolsonaristas permanecendo por mais de 24 horas, inclusive com seus filhos em idade escolar. Não havia um consenso sobre os objetivos do acampamento, alguns acreditavam em convencer as Forças Armadas com manifestações em frente aos quartéis, outros apostavam em um documento supostamente elaborado por juristas para impedir a posse de Lula. Alguns ainda acreditavam que era necessário aumentar o número de seguidores no Instagram do Exército para evitar a posse do petista. Com o passar do tempo, e com a efetiva posse de Lula, muitos ficaram revoltados e passaram a acreditar que as Forças Armadas aguardavam uma ação por parte dos bolsonaristas.

No centro da polêmica sobre a possível intervenção militar no governo brasileiro, estão os prédios públicos localizados na Praça dos Três Poderes. De acordo com algumas pessoas, a assinatura da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) pelo governo levaria a essa ação drástica, resultando na saída de Lula do cargo. Para ficar atualizado sobre tudo o que acontece nesse local, é possível acompanhar o perfil no Instagram do Metrópoles DF. Além disso, é possível receber notícias por meio do canal no Telegram ou entrar em contato por WhatsApp para fazer denúncias ou sugerir reportagens sobre o Distrito Federal.

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