Aplicativo Project Z sob investigação da PF por suspeita de facilitar atividades de pedofilia entre jovens

No fim de janeiro, comentários alarmantes foram feitos por usuários de smartphones de diferentes marcas sobre um aplicativo disponível nas respectivas lojas virtuais. Uma usuária de iPhone relatou a presença de conteúdo explícito envolvendo crianças e adultos, enquanto um usuário de Android alertou sobre pornografia e pedofilia dentro do app. O aplicativo em questão, chamado Project Z, voltado para crianças e adolescentes, foi recentemente alvo de investigação da Polícia Federal devido a sua natureza problemática.

Depois de testar o Project Z, foi fácil perceber a presença de conteúdos ilegais, como venda de pornografia, menções a pedofilia e solicitações de fotos íntimas. Apesar de se autodenominar como uma plataforma para a geração Z explorar interesses e ser criativa, a falta de moderação nas interações dos usuários é evidente. A empresa responsável pela criação do app é a Supersymmetry, sediada em Singapura.

O processo de baixar o app é simples e gratuito nas lojas de aplicativos da Apple e da Google. Com um visual espacial, o Project Z incentiva o uso de desenhos e apelidos, permitindo conversas privadas e coletivas sem aparente moderação. Para denunciar conteúdos impróprios, é exigido um procedimento burocrático, diferente do que ocorre em redes sociais mais conhecidas.

Nas interações observadas, usuários ofereciam conteúdo adulto por valores específicos, em uma linguagem cifrada. Além disso, a busca por grupos revelava descrições explícitas, como um específico direcionado a relações dominantes e submissas, com imagens perturbadoras. A presença de abordagens inapropriadas e pedidos sexuais era comum nos fóruns, muitas vezes acompanhados de avatares infantilizados.

A pesquisadora Michele Prado identificou, além de pedofilia e pornografia, outras formas de conteúdo problemático dentro do app, incluindo mensagens de teor nazista e racista. Essas descobertas revelam um ambiente virtual perigoso e inadequado para um público jovem e vulnerável.

Um relatório alarmante enviado às autoridades brasileiras revelou a presença de mensagens de teor nazista, racista e que estimulam suicídio e atentados em escolas em uma plataforma online anônima. As autoridades competentes, incluindo a Polícia Federal, Ministério da Justiça, Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Ministério dos Direitos Humanos, foram informadas sobre a situação em 6 de abril. A conclusão da pesquisadora responsável foi de que a plataforma em questão deve ser banida ou, no mínimo, monitorada de forma mais ativa.

A pesquisadora relata que diversas mensagens de conteúdo inapropriado foram encontradas na plataforma, incluindo símbolos nazistas e incitação ao ódio. Após a divulgação do relatório, a Polícia Federal tomou medidas para derrubar links e iniciar uma investigação. O Ministério da Justiça e a Abin informaram que estão monitorando a plataforma, mas ainda assim há preocupações sobre a segurança, especialmente considerando que o local tem atraído ex-usuários de outra plataforma alvo de investigações no passado, incluindo casos de predadores sexuais e conteúdo ilegal como arquivos de pedofilia.

A empresa responsável pela plataforma em questão não respondeu às solicitações de comentário, assim como grandes empresas como Google e Apple, e nem mesmo o Ministério da Justiça. A Polícia Federal confirmou que há investigações em andamento relacionadas à plataforma por compartilhamento de material ilegal e discurso de ódio. A Agência Brasileira de Inteligência mostrou preocupação com a facilidade de criminosos migrarem para essa plataforma e pediu ações proativas para coibir comportamentos criminosos.

No ano anterior, a Abin elaborou um guia de prevenção a ataques violentos em escolas, e o Ministério dos Direitos Humanos afirmou que as denúncias são encaminhadas à justiça sem comentários adicionais sobre os casos específicos.

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