Contratados suspeitos de fraude lucraram milhões com a TCB

Recentemente, foi revelado que empresas ligadas à família do empresário Ronaldo de Oliveira receberam indevidamente mais de R$ 2 milhões da Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília (TCB). Essas empresas também violaram uma cláusula que proibia o uso de veículos com mais de sete anos de fabricação. Ronaldo de Oliveira e outros membros de sua família foram presos por supostamente fazerem parte de um esquema de lavagem de dinheiro.

Os contratos firmados entre as empresas dos acusados e a TCB eram para o transporte de estudantes que vivem em áreas sem transporte público. O Tribunal de Contas do Distrito Federal descobriu que a TCB permitiu inicialmente o uso de ônibus antigos por essas empresas, e também manteve indevidamente uma taxa de depreciação para a frota desses veículos. Isso resultou em prejuízo aos cofres públicos no valor de mais de R$ 10 milhões.

Além das empresas ligadas a Ronaldo de Oliveira, o TCDF também identificou pagamentos indevidos a outras empresas que venceram licitações com a TCB. No total, os danos aos cofres públicos podem ser ainda maiores, pois foi constatado que dos 642 veículos usados nos contratos, apenas 452 tiveram a documentação regularizada.

Uma informação perturbadora é que o contrato da esposa de Ronaldo de Oliveira com a TCB foi modificado seis dias após sua primeira prisão. Com essa alteração, a empresa pertencente a ela passou a faturar mais de R$ 17 milhões, um aumento de 41,16% em relação à quantia inicial.

Também foi revelado que a quadrilha tinha contratos com o governo desde 2018, e enfrentou suspeitas de fraude em um dos procedimentos licitatórios. A situação chama a atenção para a necessidade de maior fiscalização e combate à corrupção no setor de transporte público.

Um casal de empresários investigado na Operação Trickster, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), conseguiu retomar a gestão e execução dos contratos mesmo após serem alvo de mandados de segurança impetrados pelos seus advogados. A operação investiga um esquema de desvio de R$ 1 bilhão por meio de fraudes no sistema de bilhetagem eletrônica do Transporte Urbano do DF (DFTrans).

As empresas do casal continuaram operando durante o período de investigação, mesmo sem a presença dos empresários. Várias garagens onde os ônibus estavam estacionados eram vigiadas por funcionários e seguranças.

Ronaldo de Oliveira, apontado como líder do esquema, desenvolveu um sistema sofisticado de lavagem de dinheiro, utilizando um supermercado e contas de poupança em nome de “laranjas” para movimentar mais de R$ 31 milhões. Filhos menores de idade do empresário também foram envolvidos no esquema.

O empresário também teria usado um empreendimento para ocultar a propriedade e dissimular valores faturados por meio de estelionato e corrupção de agentes públicos. O bando teria até mesmo cooptado um analista do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para receber transferências bancárias e agir em defesa dos interesses da organização criminosa, repassando informações sigilosas.

Antes da Operação Trickster, o grupo mantinha recursos nas contas de empresas controladas por eles. Após a ação da polícia, o dinheiro passou a ser movimentado de forma a driblar as autoridades.

Em abril de 2018, o casal teve a prisão decretada após os investigadores constatarem que eles pagavam propina para um responsável pelo controle de bilhetagem automática do DFTrans. Uma das fraudes praticadas era o uso de cartões estudantis de alunos do Entorno como se fossem da rede pública de ensino do DF. Durante as buscas, os policiais encontraram um envelope contendo R$ 12 mil na casa do responsável pela bilhetagem.

A reportagem tentou entrar em contato com a defesa dos envolvidos, mas até o momento não obteve retorno.

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