Lula não faz pedido direto a Paulo Gonet, mas há um pedido pessoal implícito

O novo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, destacou em seu discurso de posse que o Ministério Público não busca destaque midiático, mas sim comprometimento com suas responsabilidades constitucionais. Ele ressaltou a importância da preservação da democracia e da harmonia entre os poderes para o funcionamento do Estado Democrático de Direito. No entanto, é válido questionar se essa harmonia será alcançada diante das constantes interferências do Ministério Público em atribuições que não lhe são devidas pela Constituição.

O ex-presidente Lula também fez comentários durante a posse de Gonet, afirmando que nunca pediria favores pessoais ao Procurador-Geral da República para evitar investigações, embora tenha, de fato, solicitado que fosse evitada uma investigação específica. Ele ressaltou a importância da instituição do Ministério Público em garantir a verdade, a liberdade e a democracia, evitando acusações levianas que possam prejudicar injustamente a reputação de pessoas. No entanto, suas declarações podem ser interpretadas como um ataque à Operação Lava Jato e ao ex-Procurador-Geral Rodrigo Janot.

Em suma, o pedido pessoal do presidente parece indicar que ele espera que o Ministério Público não repita o trabalho da Lava Jato no futuro, sugerindo que houve falhas e injustiças na operação. Isso evidencia uma quebra da imparcialidade esperada do cargo de presidente da República. No cenário político de Brasília, onde conveniências institucionais são frequentemente priorizadas em detrimento da ética, é lamentável presenciar mais um episódio de comportamento duvidoso.

No Brasil, parece que os dias de denúncias de poderosos estão acabando. A demolição promovida pelos envolvidos na Lava Jato, incluindo Augusto Aras, foi completa e agora estamos na era da vingança pura e simples. De tempos em tempos, o Ministério Público poderá expor um peixe de tamanho mediano para mostrar que as instituições estão funcionando. Ou talvez possam pegar um peixe maior, desde que politicamente inconveniente para alguns. Até que se prove o contrário, é improvável que o MP continue considerando todos os corruptos como corruptos, apenas alguns deles. É hora de apagar os holofotes.

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