Policiais confundem surto de colega com ataque externo durante tiroteio

O segundo-sargento Diogo Carneiro dos Santos, testemunhou um trágico episódio no último domingo (14/1). Um colega policial atirou contra outro membro da equipe e, em seguida, tirou a própria vida. Diogo relatou os detalhes dos acontecimentos momentos antes da tragédia.

O sargento Paulo Pereira de Souza, o soldado Yago Monteiro Fidelis (motorista) e Diogo iniciaram o serviço às 7h da manhã. Por volta das 9h16, a equipe foi chamada para responder a uma ocorrência de suposta agressão contra uma criança realizada pela mãe. No entanto, a situação foi resolvida no local, sem a necessidade de encaminhar os envolvidos para a delegacia.

Mais tarde, por volta das 11h, o trio parou em frente a uma sorveteria para comprar picolés. Yago optou por não descer do carro, enquanto Diogo e Paulo compraram os picolés e comeram no local. Ao retornarem para a viatura, ainda estacionada, Diogo ouviu um tiro e ficou assustado ao ver o sangue escorrendo da cabeça de Yago. Diogo correu para fora da viatura, pensando que o tiro tivesse sido disparado contra eles por alguém externo. Foi quando ouviu outro tiro e pediu apoio de outros policiais por telefone.

Quando a outra equipe chegou, Diogo se aproximou da viatura e percebeu que o autor dos disparos era Paulo, que ainda segurava a arma na mão. Paulo faleceu no local e Yago foi levado para o Hospital Regional de Taguatinga, mas não resistiu aos ferimentos.

Diogo ressaltou que não presenciou qualquer discussão ou desentendimento entre Yago e Paulo, nem tinha conhecimento de qualquer problema entre eles anteriormente. A ocorrência está sendo investigada pela 27ª Delegacia de Polícia. O incidente levantou uma preocupação dentro da polícia, com mensagens entre os policiais mencionando falhas na estrutura da Polícia Militar do Distrito Federal em relação à saúde mental dos agentes.

A falta de assistência à saúde aos policiais militares tem sido um problema recorrente. Um relatório recente revelou que o quadro médico disponível para atender os cerca de 72 mil policiais militares e suas famílias é insuficiente, contando apenas com um psiquiatra. Essa falta de investimento na área da saúde tem contribuído para o sucateamento do Centro de Assistência à Saúde da PMDF, dificultando o acesso aos cuidados médicos necessários.

A corporação alega ter uma rede credenciada de clínicas de psiquiatria e psicoterapia para atendimento, mas essa estrutura parece não ser suficiente para atender a demanda. Além disso, a PMDF oferece assistência psicológica 24 horas por dia, 7 dias por semana, por meio da Capelania Militar e do Centro de Promoção e Qualidade de Vida. No entanto, há relatos de policiais que se queixam do estado precário desse sistema de assistência, apontando a falta de investimentos adequados.

É importante destacar a importância da assistência à saúde para os policiais militares, que enfrentam situações de alto estresse e risco em seu trabalho diário. A falta de apoio adequado pode ter consequências negativas para a saúde mental e física desses profissionais, afetando sua qualidade de vida e desempenho no serviço.

Diante desse cenário preocupante, é essencial que sejam feitos investimentos significativos na área da saúde para garantir uma assistência de qualidade aos policiais militares e seus beneficiários. É fundamental que sejam disponibilizados mais profissionais médicos, especialmente especialistas em saúde mental, para atender a demanda existente.

Além disso, devem ser realizadas medidas para melhorar a estrutura e a qualidade dos serviços de assistência à saúde oferecidos, a fim de garantir que os policiais militares tenham acesso a cuidados médicos adequados e eficientes.

About the author