Professor desenvolve teclado para línguas indígenas brasileiras, promovendo inclusão.

Em meio à falta de pesquisas sobre tipografia de línguas indígenas brasileiras, um professor da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveu ferramentas para escrita em teclados de computadores. O objetivo é facilitar a comunicação digital diária dos indígenas em seus idiomas originais. O Censo Demográfico 2010 mostrou que existem 274 línguas indígenas faladas por 305 etnias no Brasil.

O professor e coordenador do departamento de audiovisuais e publicidade da UnB explicou o processo de conclusão do projeto, iniciado durante o pós-doutorado em 2017. Os resultados foram apresentados em 2020 e a tese está disponível no repositório da universidade. O foco é preservar a identidade dos povos indígenas, garantindo a comunicação em suas línguas maternas e evitando a imposição do português.

Na tese, o professor analisou a ortografia única das línguas indígenas brasileiras, que muitas vezes utilizam caracteres incomuns ou ausentes nas fontes tipográficas digitais convencionais. Das 274 línguas catalogadas, ele dividiu em três grupos de complexidade e criou duas fontes, Chivo e Faustina, capazes de escrever caracteres não codificados no Unicode.

Um professor da Universidade de Brasília conduziu um estudo sobre a tipografia das línguas indígenas brasileiras, focando naquelas que possuem ortografia estabelecida. Ele coletou dados de fontes como dicionários, publicações e questionários aplicados a linguistas. Todo o projeto, incluindo as tipografias desenvolvidas, está disponível online. Foram catalogadas três categorias de línguas: as que seguem o layout de teclado ABNT, as que exigem caracteres de outros layouts além do ABNT e as que utilizam caracteres não incluídos no Unicode.

O professor criou três teclados para acomodar as 111 línguas indígenas estudadas, mas salientou que o ideal seria ter um teclado dedicado a cada língua individualmente. Ele planeja continuar o projeto, oferecendo oficinas aos estudantes para desenvolver teclados experimentais, especialmente para as línguas do terceiro grupo, que são mais complexas. Além disso, o professor vislumbra a possibilidade de colaborar com o governo federal, incluindo o Ministério dos Povos Indígenas e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, para dar continuidade às pesquisas feitas no pós-doutorado.

O professor mencionou que, como coordenador do Departamento de Linguística Aplicada da UnB, tem encontrado dificuldades em dedicar tempo suficiente para a pesquisa. No entanto, ele pretende retomar o projeto e planeja criar uma disciplina para os alunos aprofundarem seus estudos sobre o tema, com o objetivo de produzir resultados significativos.

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