Soldado torturado era vigiado em hospital preferido pelo exército

Em Goiânia, um major da Polícia Militar foi submetido a torturas durante um curso do Batalhão de Operações Especiais (Bope) em Goiás, mantendo seu estado de saúde em segredo da família. Segundo o Ministério Público de Goiás, os policiais fingiram que o major estava internado com Covid-19 e com 40% do pulmão comprometido para ocultar a situação crítica.

Os oficiais não informaram a família do major, transferindo-o para um hospital militar e mantendo-o sob cuidados de um coronel médico do curso do Bope. Eles aguardaram a sua suposta morte para entregá-lo à família em um caixão lacrado, alegando a contaminação por Covid-19 para evitar investigações.

Os crimes ocorreram em outubro de 2021, mas só foram revelados recentemente, indicando tortura com varas, pedaços de madeira e cordas durante três dias seguidos no curso do Bope, deixando o major em estado grave. Ele foi submetido a um evento chamado de “Momento Pedagógico” onde a tortura levou-o ao coma e dias na UTI.

O curso de operações especiais da Polícia Militar de Goiás é reconhecido pela sua intensidade e destinação aos policiais interessados em servir no Bope, sendo conhecido pelos “caveiras”. O major torturado, que apresentava mais resistência aos instrutores, ingressou no curso com o desejo antigo de concluí-lo, mas acabou em estado gravíssimo de saúde devido às torturas recebidas.

Um major da polícia foi internado sem informar sua família no Hospital Santa Mônica, em Aparecida de Goiânia. O coronel David de Araújo Almeida Filho, médico do Bope, foi quem o supervisionou. Informações sobre sua condição, como Covid-19, foram ocultadas da família, que só soube do estado de saúde no dia seguinte, quando a esposa, promotora de Justiça, recebeu o aviso de um amigo. O oficial foi apresentado como portador de Covid-19, embora a tomografia inicial não confirmasse a doença.

A equipe médica não providenciou hemodiálise, ignorando a necessidade do major. A esposa percebeu que ele não recebia cuidados adequados, estava sem acompanhamento especializado e sozinho no hospital. Após enfrentar obstáculos, ela conseguiu transferi-lo para outro hospital em Goiânia, onde foram encontradas lesões graves, mas sem evidências de Covid-19.

O major sofreu sequelas, incluindo perda parcial de movimentos e comprometimento renal, mas teve alta e foi promovido a tenente-coronel. No entanto, seus agressores não foram responsabilizados, permanecendo em suas funções. Tentativas de ocultar provas foram feitas pelos policiais envolvidos, incluindo a tentativa de acesso aos prontuários médicos do major.

O Ministério Público apresentou uma denúncia contra policiais militares por diversos crimes, incluindo tentativa de homicídio e tortura por omissão. Dentre os denunciados estão oficiais de alta patente, como coronel, tenente-coronel e capitão, além de cabos e sargentos. O MP pediu o afastamento dos denunciados de suas funções e a apreensão de seus armamentos.

O advogado de um dos tenente-coronéis denunciados informou que os autos são sigilosos e que, por isso, não pode fazer comentários sobre o assunto. Tentativas de contato com os outros indiciados não obtiveram retorno até o momento da publicação. A Polícia Militar de Goiás afirmou que o inquérito policial militar foi concluído e encaminhado à Justiça Militar, reiterando seu compromisso com a lei e a colaboração com as autoridades judiciais.

O caso envolve acusações graves e envolve diversos policiais militares, destacando-se a gravidade dos crimes imputados. As investigações prosseguem e o desdobramento legal será acompanhado de perto pela sociedade civil. O respeito à lei e a transparência nas apurações são fundamentais para o fortalecimento das instituições e o combate à impunidade.

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