Sacramentada nesta semana com um encontro no Palácio do Planalto, a reaproximação de Marta Suplicy com Lula é um fato marcante. A ex-senadora visitou o petista no hospital e enviou uma carta para ele durante o período em que esteve preso. Marta e Lula romperam em 2015, quando ela deixou o PT após mais de 30 anos de filiação. Em 2016, rompeu de vez ao votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
A primeira tentativa de Marta se aproximar de Lula foi em 2016, quando visitou a ex-primeira-dama Marísa Letícia no hospital. A visita foi incentivada por advogados petistas. No entanto, a visita foi marcada por constrangimento, pois Marta teve que passar por um corredor lotado de petistas que não queriam nem ouvir seu nome após ter apoiado o impeachment.
Em 2019, Marta enviou uma carta a Lula na prisão, expressando sua amizade com o ex-presidente. O documento foi entregue por um deputado estadual do PT. Na época, o atual presidente elogiou a gestão de Marta como prefeita de São Paulo e disse que ela seria bem-vinda de volta ao PT.
Em 2020, Marta se afastou novamente do PT ao apoiar a reeleição de candidatos de outros partidos em São Paulo. Isso rendeu a ela um cargo na prefeitura, do qual foi demitida após se reunir com Lula e indicar sua disposição de voltar ao PT para ser vice de Guilherme Boulos em 2024.
Lula sugeriu Marta como vice de Boulos por acreditar que ela tem mais força eleitoral do que outros nomes cogitados pelo PT. Ele já conversou com outros membros do partido para superar as resistências à volta de Marta e obter apoio para essa aliança.
Um advogado próximo a Lula foi encarregado de intermediar a reconciliação entre Marta e um deputado federal do PT com quem ela tinha se desentendido. Desde então, esse deputado se tornou o principal intermediário entre Lula e Marta.
Essa reaproximação entre Marta Suplicy e Lula é vista como uma estratégia para formar uma “frente ampla” contra o “bolsonarismo” e fortalecer a candidatura de Boulos em 2024. A parceria entre Marta e Lula passa a mensagem de união para derrotar o atual presidente e seu grupo político.
Segundo informações, o ex-presidente teve um encontro com Marta, no qual expressou seu desejo de tê-la como vice de Boulos. Após essa conversa, eles voltaram a se falar no final do mês para trocar felicitações de Natal.
Em um telefonema de final de ano, o presidente convidou Marta para ir a Brasília no dia 8 de janeiro e participar de um evento relacionado às invasões. Além disso, sugeriu uma reunião pessoal no Planalto durante sua estadia na capital.
Marta chegou em Brasília no dia 7 de janeiro e se reuniu com Lula no Planalto no dia seguinte, acompanhada de Rui Falcão e seu marido. Durante o encontro, Lula reiterou sua proposta e Marta aceitou, mas pediu tempo para conversar com Nunes antes de fazer qualquer anúncio.
O prefeito não foi informado previamente sobre o encontro, e Marta não falava pessoalmente com ele desde que surgiram rumores sobre seu retorno ao PT. Ela estava de férias da prefeitura e deveria retornar em 15 de janeiro.
Após as notícias de que Marta já havia fechado uma aliança com Lula e Boulos, o prefeito decidiu chamar Marta para uma conversa em sua sede e anunciou sua demissão por “quebra de confiança”.