O empresário Geraldo Rufino, conhecido como “catador de sonhos”, foi afastado do comando da JR Diesel, maior rede de desmanche legal da América Latina, devido a indícios de fraudes em suas contas. Um gestor de confiança foi nomeado pela Justiça para assumir a empresa. O relatório preliminar apontou pagamentos suspeitos a parentes e empresas ligadas à família de Rufino. A juíza responsável determinou a troca do administrador judicial da empresa por quebra de confiança e ordenou investigações sobre possíveis irregularidades. A recuperação judicial da JR Diesel está em andamento desde 2016 e enfrenta disputas milionárias na Justiça. Empresas como JSL e Movidas têm acusado Rufino de não pagar suas dívidas, o que levou a conflitos judiciais. O empresário alega perseguição por parte do dono da JSL após uma dívida de seu filho ser garantida por ele e não paga.
Uma juíza assumiu um caso envolvendo uma empresa e questionou o administrador judicial sobre suspeitas de fraudes levantadas por credores. A magistrada decidiu afastá-lo e intervir na empresa devido à sua “displicência” e falta de informações sobre o cumprimento do plano de recuperação. Existem suspeitas de que a empresa tenha distribuído lucros indevidos aos sócios e beneficiado credores, descumprindo o plano de recuperação.
A juíza solicitou que as autoridades policiais entreguem os inquéritos em andamento e investiguem se o empresário exerce controle sobre empresas de terceiros que deveriam estar em recuperação judicial. Também citou suspeitas de confusão patrimonial e sucessão empresarial fraudulenta.
Além disso, foi revelado que empresas ligadas ao empresário e seus familiares estão envolvidas em decisões judiciais relacionadas a fraudes e evasão de dívidas. O filho do empresário foi alvo de um mandado de prisão por suspeita de clonagem de veículos do Exército.
Outro inquérito investiga se o grupo familiar do empresário possui empresas registradas em nome de laranjas. Suspeita-se que uma das empresas esteja no nome de um sobrinho de Rufino para proteger seu real proprietário. Várias empresas de venda de peças de caminhões também estão registradas em nome de parentes do empresário, algumas delas existindo apenas no papel.
A juíza determinou o afastamento de Rufino e de diretores da empresa, proibindo-os de vender ou transferir ativos da empresa. Além disso, todas as senhas de contas bancárias devem ser transferidas para os novos gestores. Uma empresa de consultoria foi nomeada como gestora da empresa e relatou indícios de crimes falimentares, despesas injustificáveis e descapitalização.
Uma recente reportagem revela que Geraldo Rufino, empresário brasileiro, teria recebido cerca de R$ 1,8 milhão em 2023, através da empresa JR Diesel, destinado a ele, sua esposa, membros da família, empresas de parentes e pessoas de confiança. No entanto, não há justificativas claras para esses gastos e nem todas as pessoas envolvidas possuem qualquer relação formal com a JR Diesel.
Entre as empresas que receberam tais repasses estão Octa e Alsa, cujo sócio é um dos filhos de Rufino. Há também a Spartan X, responsável pela imagem e palestras do empresário, cujo nome está em nome de uma funcionária. Em um processo judicial envolvendo credores, foi reconhecido que essa funcionária é apenas uma laranja, ou seja, uma pessoa usada para encobrir a verdadeira propriedade da empresa.
Outra empresa na lista de pagamentos é a Iiman, cuja sócia é outra funcionária de Rufino. Diversas empresas do mesmo ramo de caminhões foram registradas em nome dela. Durante uma diligência, interventores da empresa encontraram uma máquina de cartão de crédito e débito em nome da Iiman, levantando suspeitas de que as compras feitas pela JR Diesel podem estar sendo desviadas para as contas dessa empresa em nome da funcionária, mesmo ela não tendo qualquer envolvimento com o ramo de caminhões.
Um cartão da JR Diesel também foi identificado com valores pagos aos filhos do empresário. vale ressaltar que a filha de Rufino é casada com um homem que recentemente adquiriu um imóvel em um leilão judicial para pagar dívidas do próprio Rufino.
A gestora judicial encontrou várias transações em dinheiro, que variam de R$ 5 mil a R$ 8 mil, levantando preocupações sobre possíveis desvios ou sonegação. Somente em 2023, a quantia de dinheiro em espécie movimentada nas contas da JR Diesel chegou a R$ 770 mil, sendo que 14% desse valor foi direcionado para a diretoria da empresa e para empresas suspeitas de receberem dinheiro indevidamente e que estão ligadas a Geraldo Rufino.
No entanto, apesar de todas essas suspeitas, o relatório afirma que a JR Diesel continua gerando uma receita milionária e tem condições de pagar seus credores, saindo assim da recuperação judicial.
A defesa de Geraldo Rufino alega que estão contestando as decisões da juíza responsável pela recuperação judicial nos tribunais competentes. Além disso, eles ressaltam que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) cassou os efeitos da decisão que decretou a falência da JR Diesel, aguardando agora a implementação adequada dessa decisão pela juíza da recuperação judicial.
Os advogados também afirmam que a JR Diesel é uma empresa ativa, cujo plano de recuperação judicial já foi homologado e que possui uma gestão eficiente e transparente, garantindo centenas de empregos diretos e indiretos através de suas atividades empresariais regulares. Adicionalmente, eles afirmam que o plano de recuperação está sendo cumprido e todos os credores estão sendo devidamente pagos.
A defesa conclui afirmando que a falência da empresa seria uma medida extrema que nunca foi solicitada por qualquer credor participante do plano de recuperação judicial, o que também foi reconhecido recentemente pelo Judiciário.