Uma reunião importante entre o Ministério da Saúde, a farmacêutica Takeda e entidades da sociedade civil está prevista para acontecer em breve. O objetivo principal da reunião é definir a estratégia de vacinação contra a dengue a partir do próximo mês de fevereiro. Com o aumento significativo do número de mortes nos últimos anos, além da limitação de produção dos laboratórios, é essencial que o governo federal e os estados se mobilizem no combate a essa doença.
A dengue é uma doença grave transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Ela tem maior incidência durante o verão e os sintomas mais comuns incluem dores no corpo e febre alta. No Brasil, a dengue é considerada um sério problema de saúde pública e pode levar à morte.
O Aedes aegypti é conhecido por ser um mosquito diurno e é encontrado principalmente em áreas urbanas. Ele precisa de água parada para que as larvas se desenvolvam e se transformem em mosquitos adultos. A infecção ocorre apenas através da picada da fêmea do mosquito, que transmite o vírus através da saliva quando se alimenta do sangue humano.
Existem quatro sorotipos diferentes da dengue, o que significa que uma pessoa pode ser infectada por cada um deles e desenvolver imunidade permanente. Portanto, é possível ser infectado até quatro vezes ao longo da vida.
Os primeiros sinais da dengue costumam ser inespecíficos e aparecem cerca de três dias após a picada do mosquito. Os sintomas incluem febre alta, dores no corpo e nas articulações, fraqueza, dor de cabeça, erupções cutâneas, náuseas e vômitos.
Na maioria dos casos, a dengue se resolve após um período de febre alta, mas em alguns pacientes os sintomas podem se agravar, levando a complicações graves como hemorragias e até mesmo à morte.
Os casos graves de dengue apresentam sintomas como vômitos persistentes, dor abdominal intensa, perda de sensibilidade e movimentos, sangramento de mucosas, tontura e queda de pressão. Esses sintomas podem levar a um estado de choque, caracterizado por pele pegajosa, pulso rápido e fraco, agitação e diminuição da pressão.
Alguns pacientes podem apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade, durante o choque. O tratamento da dengue inclui o uso de analgésicos e antitérmicos sob orientação médica, como paracetamol e dipirona, para aliviar os sintomas. Além disso, é recomendado repouso e acompanhamento médico adequado.
O Ministério da Saúde anunciou a incorporação de uma nova vacina, chamada Qdenga, no Sistema Único de Saúde (SUS) no final de dezembro. A proposta da fabricante é vacinar apenas crianças de 4 anos e adultos de 55, mas o ministério está considerando incluir mais faixas etárias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou em outubro que a vacina seja aplicada em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, priorizando áreas com maior incidência da doença. Para distribuir as doses, o plano do ministério é focar nos municípios com alta transmissão de dengue.
No último ano, o Sudeste, Sul e Centro-Oeste foram as regiões mais afetadas pela dengue, registrando um aumento de 15,8% nos casos em comparação com 2022. Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás foram os estados mais atingidos.
Seis municípios com maior incidência de casos receberão mosquitos que não transmitem a dengue como parte de uma estratégia para conter a doença. Outras seis cidades já estão envolvidas nesse projeto. A expectativa é que o Centro-Oeste entre em nível epidêmico, Minas Gerais e Espírito Santo tenham potencial epidêmico e o Paraná tenha alto risco de epidemia. No Nordeste, é esperado um aumento, mas abaixo do limiar epidêmico.
O cronograma de entrega da vacina prevê que cerca de 460 mil doses sejam entregues em fevereiro, 470 mil em março, 1,65 milhão em maio, 1,65 milhão em agosto, 431 mil em setembro e 421 mil em novembro.
A inclusão da vacina da dengue no SUS é uma medida importante para prevenir a doença. O Programa Nacional de Imunização (PNI) juntamente com a Câmara Técnica Assessora em Imunizações (CTAI) irá definir o público prioritário para a vacinação de acordo com a quantidade de doses oferecidas pelo laboratório. A vacina é mais uma estratégia para mitigar os efeitos da chegada do verão sobre os casos de dengue no país. Há também uma Sala Nacional de Arboviroses que monitora a situação do país e trabalha em conjunto com estados e municípios para aprimorar as estratégias de combate à doença.
A União Europeia e o Espaço Econômico Europeu, juntamente com alguns países adicionais, estão orientando os viajantes para áreas endêmicas a se vacinarem. Algumas nações, como Indonésia, Tailândia e Argentina, também aprovaram o registro da vacina, embora a Argentina ainda não a tenha incorporado ao sistema de saúde local.
No Brasil, o Ministério da Saúde e o InfoDengue da Fiocruz projetam um aumento significativo de casos de dengue este ano, que pode variar de 1,7 milhão a 5 milhões, com uma média de 3 milhões de casos. Isso representa um aumento considerável em comparação aos 1,6 milhão de casos registrados no ano passado.
Em resposta a esse aumento de casos, os estados brasileiros com maior risco de disseminação da doença estão se movimentando. No entanto, os recursos financeiros destinados pelo Ministério da Saúde para combater e prevenir a dengue não são distribuídos de forma proporcional à evolução da doença em cada localidade. Isso significa que regiões com alta incidência de casos podem receber menos recursos do que áreas com baixa taxa de transmissão.
De acordo com uma portaria do Ministério da Saúde, publicada no final de dezembro, foram destinados R$ 256 milhões para os governos estaduais e municipais desenvolverem ações de combate à dengue. Esses recursos são utilizados para contratar e treinar agentes de saúde, verificar focos de mosquitos em residências, adquirir equipamentos e realizar pulverizações com fumacê.
Em relação aos estados brasileiros, proporcionalmente à sua população, a Bahia é o estado que recebeu a maior quantia de recursos, totalizando R$ 39,2 milhões, o equivalente a R$ 2,77 por habitante. No entanto, em termos de aumento de casos em 2023, a Bahia ocupa apenas a 10ª posição no ranking dos estados com maior crescimento. Quando consideramos o número total de casos, a Bahia fica em oitavo lugar.
O Espírito Santo, mencionado em um alerta conjunto do Ministério da Saúde e da InfoDengue da Fiocruz, foi o estado brasileiro que registrou o maior aumento de casos em comparação a 2022. No entanto, as autoridades estaduais e municipais receberão, em média, apenas R$ 1,62 por habitante para combater o mosquito da dengue, quase R$ 1,00 a menos do que Alagoas, que viu uma queda de 90,7% na taxa de infecções.