Setor de serviços interrompe sequência de quedas e registra crescimento de 0,4% em novembro

O volume de serviços no Brasil registrou um avanço de 0,4% em novembro de 2023, em comparação com outubro, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado representa uma interrupção de três quedas mensais consecutivas.

No entanto, quando comparado ao mesmo período do ano anterior, novembro de 2022, os serviços apresentaram um recuo de 0,3%, marcando a terceira taxa negativa consecutiva nessa base de comparação.

O setor de serviços está atualmente 10,8% acima do nível registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia de Covid-19, mas ainda 2,6% abaixo do ponto mais alto da série histórica, que ocorreu em dezembro de 2022. No acumulado de 2023, houve um aumento de 2,7% nos serviços em relação ao mesmo período do ano anterior.

Nos últimos 12 meses até novembro, a variação dos serviços foi de 3%, o pior resultado desde julho de 2021. Em outubro, o volume de serviços no país apresentou uma queda de 0,6% em comparação com o mês anterior e uma queda de 0,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em novembro, o setor de serviços teve um aumento em três das cinco atividades pesquisadas: outros serviços (3,6%); serviços profissionais, administrativos e complementares (1%); e serviços prestados às famílias (2,2%). Por outro lado, os segmentos de transportes (-1%) e serviços de informação e comunicação (-0,1%) foram os únicos que apresentaram queda no mês.

De acordo com o IBGE, houve um aumento no volume de serviços em 12 das 27 unidades da Federação, em comparação com o mês anterior. São Paulo (1,1%), Paraná (2,4%), Mato Grosso (3,1%) e Mato Grosso do Sul (4,8%) tiveram os maiores aumentos. Já os resultados negativos mais significativos foram observados no Rio Grande do Sul (-2%), Distrito Federal (-2,6%), Maranhão (-7,6%) e Amazonas (-4,8%).

No setor de atividades turísticas, o índice registrou uma variação negativa de 2,4% em novembro em comparação com outubro. No entanto, o segmento está 2,2% acima do nível de fevereiro de 2020, antes da pandemia, mas ainda 5% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014. O IBGE também destacou que 10 das 12 áreas pesquisadas tiveram queda. Os maiores impactos negativos foram observados em São Paulo (-1%), Bahia (-7%), Minas Gerais (-2,6%), Paraná (-5,3%) e Ceará (-9,4%).

Analisando os dados, o economista Maykon Douglas, da Highpar, ressaltou que o aumento em novembro foi impulsionado por fatores pontuais, como eventos artísticos e um aumento nas vendas por cartões de crédito e débito. Ele observou que o setor de transportes registrou uma queda pelo quarto mês consecutivo, acumulando uma contração de 5,3%.

A inflação nos transportes aéreos tem impactado os resultados das sondagens do IPCA e IPCA-15, de acordo com Maykon. Apesar do aumento na renda média no mercado de trabalho, é preciso ter cautela em relação aos próximos resultados dos serviços até que os cortes de juros tenham um impacto maior no setor. Igor Cadilhac, economista do PicPay, destaca que, apesar deste resultado interromper três meses negativos, é a terceira contração na comparação interanual, após 30 meses consecutivos de avanço.

É importante reconhecer que a desaceleração de um setor importante da atividade econômica tem sido maior do que o esperado. No entanto, fatores específicos têm contribuído para sustentar a demanda por serviços. Dessa forma, a perspectiva para o último semestre é relativamente positiva, embora haja possibilidade de variações do PIB próximas a zero. A resiliência dos serviços é um dos grandes desafios para o ano de 2024.

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