O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, foi interrogado pela Polícia Federal sobre suas declarações durante a polêmica reunião ministerial. Na ocasião, Torres disse que “todos iriam se prejudicar” se o PT vencesse as eleições presidenciais de 2022.
No depoimento à PF, Torres reiterou suas palavras da reunião ministerial, explicando que estava pedindo que os ministros atuassem dentro de suas pastas para contribuir com a campanha eleitoral em prol de uma vitória desejada.
As investigações da PF apontam que a reunião ministerial tinha o objetivo de pressionar os presentes a promover desinformação e ataques à Justiça Eleitoral. Torres afirmou que não acredita em fraude nas eleições nem em parcialidade do Poder Judiciário.
Torres também relatou ter visitado Bolsonaro depois da derrota no segundo turno das eleições e percebido nele um sentimento de decepção que evoluiu para um quadro de depressão. O ex-ministro afirmou não ter participado de reuniões sobre medidas extremas como Garantia da Lei e da Ordem, Estado de Defesa ou de Sítio.
Na casa de Torres, a Polícia Federal encontrou um rascunho de um documento que decretaria Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral. Essas revelações levantaram questionamentos sobre o que realmente ocorreu nos bastidores do governo durante aquele período tumultuado.
No dia 10 de janeiro de 2023, uma busca e apreensão foi realizada e, durante seu depoimento à Polícia Federal, um ex-ministro afirmou que recebeu um documento mal redigido e juridicamente questionável, que planejava descartar como lixo. Posteriormente, ele deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para retornar ao cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
Em seu depoimento, o ex-ministro disse que viajou para os Estados Unidos mesmo após ser alertado sobre possíveis atos violentos em 8 de janeiro. Ele negou ter se encontrado com o presidente Bolsonaro, que também estava no país, e explicou que a viagem era familiar, durante o período de férias escolares de seus filhos, e que as passagens foram adquiridas em novembro de 2022. Solicitou à Polícia Federal que verificasse com as autoridades americanas a confirmação de que não teve encontro com Bolsonaro enquanto estava lá.