O livro “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, tem gerado polêmica após uma diretora de escola pedir ao Ministério da Educação (MEC) a retirada dos exemplares distribuídos aos alunos do ensino médio, alegando vocabulário vulgar. Como resultado, estados como Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás estão removendo o livro das escolas públicas, apesar de sua abordagem premiada sobre temas como racismo e sexualidade.
O livro foi incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para escolas públicas em todo o país. O Distrito Federal recebeu 1.901 exemplares, mas a Secretaria de Educação do DF esclareceu que os livros são entregues pelo MEC, e não adquiridos diretamente. A escolha dos livros é orientada pelo FNDE, e as escolas devem seguir critérios para selecioná-los.
Especialistas criticam a censura, argumentando que limitar o acesso a obras literárias que abordam temas importantes como racismo e violência prejudica o desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos. A proibição sugere que certas ideias são inaceitáveis na sociedade, minando os valores democráticos e a liberdade de expressão.
Isa Colli, especialista em literatura infanto-juvenil, sugere que se considerasse a obra inapropriada, poderia ser sugerida a remoção ou suavização de passagens, preservando a essência do livro. Jacqueline Moraes Teixeira, antropóloga e professora da UnB, considera arbitrárias as justificativas de censura dos estados, destacando a importância do debate e da reflexão sobre questões sociais nas escolas.
Recentemente, a dinâmica de censura em relação ao livro “O Avesso da Pele” gerou polêmica e controvérsias. Uma antropóloga ressaltou que a questão vai além do conteúdo do livro, destacando a desqualificação do autor e o aspecto racial envolvido. Ela defende que a abordagem nas escolas deveria ser de promoção de discussões sobre tais temas para estimular a consciência social e o pensamento crítico dos estudantes sobre a realidade brasileira.
Após pressões e debates promovidos por políticos de direita em Goiás, o livro foi recolhido das escolas estaduais devido a cenas consideradas inapropriadas para menores de 18 anos. Esse cenário se repetiu em outros estados como Mato Grosso do Sul e Paraná, que também optaram por retirar o livro das escolas do ensino médio. No entanto, no Rio Grande do Sul, a exclusão do livro em alguns municípios foi revertida após uma decisão inicial de remoção.
O livro, vencedor do Prêmio Jabuti 2021, tornou-se um dos mais vendidos na Amazon Brasil após os incidentes de censura. “O Avesso da Pele” narra a história de Pedro, em busca do passado familiar após a morte violenta do pai. Com uma narrativa que aborda o racismo e o sistema educacional brasileiro, a obra promove reflexões sobre relações familiares e a condição do negro em uma sociedade racista.
Em resposta, o Ministério da Educação destacou a relevância do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), frisando a transparência e a rigorosa avaliação das obras pelos profissionais da educação. O PNLD é uma iniciativa com longa história e ampla adesão nas redes de ensino do país.
O Ministério da Educação (MEC) conta com avaliadores para analisar e aprovar livros didáticos que serão disponibilizados às escolas. Uma vez aprovados, esses livros são incluídos em um catálogo, oferecendo às instituições de ensino a possibilidade de selecionar os materiais que melhor se adequem à sua realidade acadêmica.
É destacado no texto que essa escolha é feita de maneira democrática, permitindo que as escolas escolham os materiais de acordo com suas necessidades pedagógicas. Além disso, o respeito ao pluralismo de concepções pedagógicas é uma diretriz importante nesse processo de escolha de livros didáticos.