Por que a vacinação contra a dengue em adolescentes não tem sido amplamente adotada?

Em meio a uma epidemia de dengue significativa no país, a vacinação de crianças e adolescentes está ocorrendo de forma lenta. A pesquisa Datafolha apontou que 87% da população de São Paulo deseja receber a vacina, porém apenas 30,8% das doses distribuídas aos municípios brasileiros foram aplicadas até o momento. Os especialistas citam que as restrições de idade e localização dos pontos de vacinação, juntamente com falhas na comunicação e a histórica dificuldade de vacinação em adolescentes, são desafios para a adesão dos jovens.

A dengue afeta todas as idades, sendo mais grave em idosos acima de 70 anos e adolescentes. A recomendação da OMS de priorizar jovens entre 6 e 16 anos é respaldada pela vacina disponível no SUS, testada em pessoas de 4 a 60 anos. Com escassez de doses, a vacinação foi restrita a crianças de 10 e 11 anos em alguns locais, e posteriormente ampliada para adolescentes até 14 anos, devido à baixa procura inicial.

A distribuição das doses considerou os municípios mais afetados pela epidemia de dengue, seguindo orientações de especialistas e da OMS. Apenas 521 municípios foram selecionados para receber as vacinas, com critérios como alta transmissão da dengue e população acima de 100 mil habitantes. A limitação de doses disponíveis tem sido um desafio para garantir a ampla vacinação contra a dengue.

Uma questão crítica apontada por um renomado pediatra e consultor da OMS é a limitada disponibilidade da vacina contra a dengue para a faixa etária de 10 a 14 anos, acessível em somente alguns municípios. Isso gera dúvidas e frustrações para os pais, que muitas vezes precisam escolher qual filho poderá ser imunizado, deixando os demais desprotegidos. A situação evidencia a necessidade de uma comunicação mais eficaz e abrangente sobre a vacinação.

A dengue, uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é um sério problema de saúde pública no Brasil, com maior incidência no verão. Caracterizada por sintomas como febre alta e dores no corpo, a doença pode levar à morte. O Aedes aegypti, mosquito transmissor, geralmente é encontrado em áreas urbanas e se reproduz em água parada, completando seu ciclo de vida em cerca de 10 dias.

A infecção pela dengue ocorre mediante a picada do mosquito fêmea, que transmite o vírus ao se alimentar do sangue humano. Existem quatro sorotipos da doença, permitindo a reinfecção múltipla e a criação de imunidade a cada tipo. Os sintomas iniciais incluem febre, dores de cabeça e no corpo, náuseas, entre outros, e, em alguns casos, podem evoluir para quadros graves com risco de hemorragia.

Em situações mais severas, os sintomas podem envolver vômitos persistentes, hemorragias, diminuição da pressão sanguínea, entre outros sinais de choque. Além disso, manifestações neurológicas como convulsões também podem ocorrer. O tratamento, geralmente baseado em analgésicos e antitérmicos prescritos por um médico, busca aliviar os sintomas e controlar a evolução da doença.

A vacinação de adolescentes é um desafio antigo na saúde pública global, com diversos obstáculos como questões culturais e resistência por parte dos jovens. A falta de acesso e a crença equivocada de que vacinas são importantes apenas para crianças e idosos são alguns dos motivos dessa dificuldade.

É fundamental envolver os adolescentes no processo de decisão sobre a imunização e convencê-los da importância da vacinação. Muitas vezes, o sucesso na vacinação nessa faixa etária ocorre em programas escolares, levando as vacinas direto até onde os jovens estão, facilitando o processo para eles e seus responsáveis.

A comunicação das autoridades e ações locais são essenciais para superar as barreiras existentes na vacinação de adolescentes. A falta de campanhas eficazes, má comunicação e baixa disponibilidade de doses são fatores que dificultam o alcance de sucesso nesse contexto.

Para melhorar a cobertura vacinal entre os adolescentes, é necessário investir em estratégias de comunicação mais eficazes, garantir acesso adequado às vacinas e promover a conscientização sobre a importância da imunização nessa faixa etária.

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