Moisés Ferreira, aos 4 anos, descobriu que era surdo, mas através de um implante coclear, conseguiu recuperar sua audição. Agora, aos 8 anos, ele está aprendendo a viver em um mundo cheio de sons e a distinguir entre o ruído e as palavras que ouve. O implante coclear teve um período de ativação que variou entre algumas semanas até um ano após a cirurgia. Ao contrário de uma pessoa sem deficiência auditiva, que começa a ouvir desde a gestação, Moisés só começou a ouvir aos 4 anos. O processo de adaptação envolve acompanhamento médico e estímulos aud
Brasília (HUB) é o único local oficial de reabilitação auditiva no Distrito Federal, cadastrado pela Secretaria de Saúde. Atualmente, cerca de 37 mil pessoas de diferentes idades estão registradas no centro filantrópico para receber tratamento. O programa tem ajudado muitas crianças, como Heitor, de 5 anos, que após um ano com implante coclear, já consegue entender palavras como uma criança de 1 ano.
Maria Júlia, de 10 anos, também teve seu implante coclear aos 6 anos e conseguiu recuperar sua audição em apenas um mês. Letícia, de 6 anos, que ainda tem dificuldades de fala, tem mostrado grande evolução na comunicação. Para crianças surdas que usam tecnologias auditivas, os estímulos sonoros constantes são essenciais para o desenvolvimento de sua capacidade de ouvir.
O implante coclear tem sido realizado no Distrito Federal há 20 anos. Gabrielli, que foi a primeira criança a receber o implante aos 2 anos de idade, acredita que isso foi fundamental para sua vida. Hoje, com 22 anos, ela fala vários idiomas, incluindo português, língua de sinais, inglês, espanhol e está aprendendo italiano e francês.
Gabrielli compartilha que nunca enfrentou preconceito por questões de fala ou audição, sempre contando com a ajuda de amigos para se comunicar. Ela descreve a falta de funcionamento do dispositivo como um “silêncio sem som”, sentindo apenas vibrações. Seu implante atual possui tecnologia bluetooth, permitindo que ela conecte o dispositivo a músicas e chamadas telefônicas.
Um implante coclear está revolucionando a forma como surdos ouvem música sem precisar de fones de ouvido. O dispositivo consiste em uma parte interna e externa, conectadas por um ímã removível. A parte externa funciona como uma antena, captando os sinais sonoros e decodificando-os para a parte interna, que transmite diretamente para a pessoa que usa o implante. Dessa forma, a pessoa “ouve” as músicas dentro da própria cabeça.
O implante coclear possui um microfone na orelha e um imã na cabeça, com um processador de bluetooth interno. Assim, quando a pessoa quer ouvir música, o dispositivo se conecta diretamente ao celular, isolando os sons ao redor. No entanto, a jovem entrevistada lamenta o preconceito dentro da própria comunidade surda em relação ao uso do implante, pois há quem acredite que usar o aparelho auditivo faz com que a pessoa deixe de ser surda, o que não é verdade.
A surdez não tem cura, afirma a coordenadora de Saúde do Ceal. Comparando com uma pessoa que usa uma prótese na perna, ela questiona se a pessoa deixa de ser deficiente por ter esse apoio. Não existe surdo-mudo, mas sim pessoas que não receberam estímulo para desenvolver a fala na faixa etária adequada. Por isso, é uma corrida contra o tempo para proporcionar um maior acesso à oralidade e reabilitação para as crianças surdas.
No Brasil, o implante coclear e os aparelhos auditivos são disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. Há cerca de 300 Centros Especializados em Reabilitação habilitados pelo Ministério da Saúde, sendo que 143 oferecem serviços de reabilitação auditiva. Além disso, existem 127 Serviços de Reabilitação Auditiva classificados como Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Média e Alta Complexidade.
Para ter acesso ao tratamento na Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência (RCPD), o usuário deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima para avaliação pela Atenção Primária à Saúde. Caso seja necessário, o usuário será encaminhado para uma equipe multiprofissional pertencente a um serviço de Atenção Especializada em Reabilitação, onde passará por acolhimento, avaliação e um projeto terapêutico de acordo com sua condição clínica.
É importante destacar que é crucial fornecer o estímulo auditivo o mais cedo possível, pois existe uma janela de oportunidade até os 3 anos para o desenvolvimento da fala.