As dificuldades do setor varejista em alcançar crescimento até 2024

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no varejo caíram 0,3% em outubro, surpreendendo negativamente o mercado. Analistas econômicos esperavam uma alta. O economista Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), acredita que o setor varejista continuará enfrentando dificuldades em 2024 devido à política de gastos do governo, que tende a manter os juros altos no país.

A redução da taxa básica de juros, a Selic, promovida pelo Banco Central, é um fator positivo para a economia, estimulando o consumo. No entanto, os juros no comércio ainda são extremamente altos, mesmo após os cortes da Selic, e a redução dos juros na ponta ainda é insignificante. Mesmo que novos cortes da Selic ocorram, levará tempo para que essa redução se torne significativa.

O varejo enfrenta outras complicações além dos juros altos. A situação econômica brasileira é comparada a dois indivíduos carregando um móvel pesado. Se um alivia o peso, o outro precisa fazer mais esforço. No caso do Brasil, o governo federal, responsável pela política fiscal, está sendo leniente e o Congresso busca cada vez mais verbas. Isso faz com que o Banco Central precise fazer um esforço adicional para manter os juros altos e impedir que a inflação aumente.

O problema fiscal também é uma ameaça para o varejo. O presidente da República já afirmou publicamente que não há problema em ter mais dívida, o que complica ainda mais a situação. A discussão sobre a política fiscal ainda não está clara no Brasil e a falta de preocupação do governo em cortar despesas prejudica o mercado. O próprio mercado já havia precificado a ideia de que o governo não cumpriria a meta de zerar o déficit em 2024, mas as declarações do presidente têm outro significado, indicando uma falta de preocupação com a situação fiscal.

Recentemente, tem sido observado um aumento na pressão sobre os preços, o que indica a necessidade do Banco Central agir de forma mais firme, aumentando as taxas de juros. Essa medida é importante, pois a redução da inflação é crucial, uma vez que a inflação alta afeta principalmente as pessoas de menor poder aquisitivo que não têm como se proteger contra o aumento dos preços.

No setor varejista brasileiro, as empresas já enfrentam dificuldades e foram ainda mais afetadas pelo caso de uma grande operação de varejo nacional. Esse caso resultou em uma redução do crédito disponível, o que afetou tanto as maiores empresas do setor quanto o mercado em geral. Os bancos ficaram preocupados com a forma como o varejo estava conduzindo seus negócios e, como resultado, diminuíram a oferta de crédito.

Assim, embora as empresas que vendem bens de consumo corrente, como alimentos, possam ter menos problemas, aquelas que vendem bens duráveis, como geladeiras e TVs, enfrentam maior dificuldade, pois dependem mais do crédito. Isso se reflete também nos supermercados, que se concentram principalmente na venda de alimentos e produtos de limpeza e cuidados pessoais.

No cenário atual, os supermercados demoram a se recuperar economicamente, mas não sofrem uma queda tão expressiva, uma vez que mesmo em momentos de crise as pessoas ainda precisam adquirir esses produtos. Por outro lado, os hipermercados enfrentam maiores dificuldades, uma vez que vendem bens duráveis e também enfrentam forte concorrência dos atacarejos, que combinam o modelo de atacado e varejo.

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