Um esquema internacional de tráfico humano foi desmascarado, ligando o Distrito Federal à Bélgica, com uma base de operações em Planaltina, no DF. Liderando o negócio criminoso, uma cafetina do DF utiliza familiares como parte do esquema, incluindo a irmã e a prima como telefonistas para agendar programas para garotas traficadas até Namur, na Bélgica.
A cafetina, especialista em aliciar mulheres por grupos de WhatsApp, administra a comunicação para moderar anúncios de garotas traficadas em sites adultos na Europa. As telefonistas atendem chamadas, acertam valores e fornecem endereços das prostitutas para os clientes na Bélgica.
A logística do tráfico de mulheres mantido pela cafetina é detalhada, visando tornar as prostitutas ainda mais vulneráveis, impedindo-as de negociar cachês ou escolher clientes. A cafetina promete altos ganhos semanais, mas na prática as garotas recebem uma fração dos valores por meio de carteiras digitais, evitando bancos tradicionais.
O esquema também envolve telefonistas que não asseguram a segurança das garotas, apesar de coletar dados dos clientes. Grupos de WhatsApp oferecem viagens com supostos ganhos altos, exigindo que os valores sejam reembolsados por meio de programas com clientes. Viagens para diversos países são prometidas, como Itália, Grécia e Emirados Árabes, mas a realidade é de exploração e manipulação das mulheres traficadas.
Neste artigo, vamos abordar a questão dos altíssimos juros que são cobrados das garotas de programa, muitas vezes impossibilitando-as de saldar suas dívidas e as colocando em situações de exploração no contexto da prostituição internacional.
Na terceira parte da série Traficadas, será apresentado de forma detalhada e ilustrada os incidentes de roubo, agressão e estupro que ocorrem em todo o mundo envolvendo garotas de programa que estão sob controle de grupos especializados no tráfico de mulheres.