Estudo aponta que uso de anabolizantes triplica o risco de morte

No Brasil, a proibição do uso de esteroides anabolizantes para fins estéticos e de desempenho completou um ano. Essas substâncias, derivadas da testosterona, foram consideradas um problema de saúde pública devido aos riscos à saúde, especialmente para o sistema cardiovascular. Recentemente, um estudo dinamarquês publicado em uma renomada revista médica revelou que o uso de anabolizantes aumenta significativamente o risco de morte. Durante aproximadamente 11 anos, o estudo monitorou 1.189 homens usuários de esteroides anabolizantes e 59.450 homens não usuários, constatando que a taxa de mortalidade entre os usuários era 2,81 vezes maior em comparação com o grupo controle.

Entre as mortes registradas, as não naturais, como acidentes, crimes e suicídios, destacaram-se ainda mais, com uma taxa de mortalidade 3,64 vezes maior entre os usuários de anabolizantes. O estudo também apontou a necessidade urgente de conscientização sobre os efeitos prejudiciais dessas substâncias, principalmente para a saúde e bem-estar. O endocrinologista Clayton Luiz Dornelles Macedo, do Hospital Albert Einstein e da Unifesp, enfatizou que os resultados do estudo são alarmantes e alertou sobre os perigos associados ao uso de esteroides anabolizantes.

É válido ressaltar que o estudo apresenta algumas limitações, sendo de natureza observacional e não permitindo a identificação das causas específicas das mortes. No entanto, especialistas concordam que os achados são estatisticamente relevantes e se somam às evidências existentes sobre os riscos à saúde decorrentes do uso de anabolizantes. Apesar de críticas sobre a impossibilidade de estudos clínicos randomizados, devido ao uso descontrolado dessas substâncias, a importância da conscientização e orientação dos pacientes sobre os riscos permanece fundamental.

Um especialista em saúde alerta para os desafios de interromper o uso de anabolizantes, enfatizando a importância de um acompanhamento personalizado e interdisciplinar nesse processo. Ao suspender abruptamente o uso dessas substâncias, o organismo pode enfrentar uma síndrome de abstinência semelhante à de opioides, levando o paciente a se sentir fraco e cansado, o que pode incentivá-lo a voltar ao uso. Além disso, o corpo precisa de tempo – cerca de 52 meses – para normalizar a produção natural de testosterona depois de interromper o uso de hormônios externos.

A falta de orientação adequada ao interromper o uso de anabolizantes pode resultar em diversos efeitos colaterais, como redução da potência, diminuição da libido e fadiga. Para ajudar os indivíduos que decidem parar de usar esteroides, é essencial oferecer alternativas, como treinamento físico orientado, dieta adequada e, se necessário, apoio psicológico. A hipertrofia muscular obtida artificialmente com anabolizantes pode ser perdida ao parar o uso, por isso é fundamental um acompanhamento profissional para construção muscular saudável.

O especialista ressalta que, um ano após a proibição do uso de anabolizantes com fins estéticos e de performance, houve uma melhora na conscientização dos potenciais usuários. A educação sobre os riscos dessas substâncias tem levado muitas pessoas a repensarem o desejo de utilizá-las. No entanto, o uso de anabolizantes ainda é um problema no Brasil, com riscos superiores aos benefícios potenciais. Não há uma dose segura, mesmo pequenas quantidades podem resultar em efeitos colaterais graves. É crucial buscar auxílio e apoio profissional ao decidir interromper o uso de anabolizantes.

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