As precipitações no Sul do Brasil estão ligadas ao El Niño e às alterações climáticas

As recentes chuvas intensas que afetaram o estado do Rio Grande do Sul no Brasil causaram grandes estragos e impactaram milhares de pessoas. De acordo com a Defesa Civil do estado, houve 95 mortes confirmadas, 131 pessoas desaparecidas e 372 feridas. Quase 159 mil pessoas ficaram desabrigadas e cerca de 1,44 milhão foram afetadas em 401 cidades. Essa situação destaca a necessidade de uma abordagem integrada para lidar com os impactos das mudanças climáticas, como ressaltado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

O El Niño, fenômeno que aquece as águas do Pacífico e influenciou o clima na região, foi apontado como um dos fatores que contribuíram para as fortes chuvas no Rio Grande do Sul. Organizações como a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) e o Aldeias Infantis SOS estão trabalhando em conjunto com o governo estadual e outros parceiros para lidar com a crise resultante das inundações. Projetos sociais, como os da Aldeias Infantis, também foram impactados, conforme relatado pelo gestor da organização na região.

Além disso, a necessidade de fornecer informações cruciais para as comunidades em risco em diferentes idiomas é uma prioridade, e o Acnur está trabalhando com associações de diversas nacionalidades para garantir a disseminação adequada dessas informações. A crise climática, agravada por eventos como as enchentes no Brasil, tem preocupado líderes mundiais e entidades como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

As autoridades brasileiras realizaram operações de resgate e emergência, retirando cerca de 1 mil pessoas das áreas afetadas. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, visitou as regiões atingidas e anunciou medidas emergenciais para auxiliar as vítimas. As imagens divulgadas mostraram a extensão das inundações, que afetaram até mesmo o aeroporto de Porto Alegre, resultando em cortes no transporte e fornecimento de energia na capital.

A explicação para a intensidade das chuvas se deve ao registro de precipitações persistentes e intensas desde o final de abril, especialmente nas regiões de vales, planaltos e montanhas do Rio Grande do Sul. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta que os volumes de chuva excederam os 300 milímetros em um curto período, contribuindo para essa situação de calamidade.

No município de Bento Gonçalves, a quantidade de chuva atingiu 543,4 mm, enquanto em Porto Alegre foram registrados 258,6 mm em apenas três dias, o que representa mais de dois meses de chuva comparado à média histórica para abril.

Além disso, a temperatura elevada no Oceano Atlântico Sul próximo à faixa equatorial tem contribuído para o aumento da umidade, intensificando as precipitações. O transporte de umidade da Amazônia, juntamente com o contraste térmico entre o ar mais quente ao norte da Região Sul e o ar mais frio ao sul do Rio Grande do Sul, também tem fortalecido as tempestades, de acordo com o Inmet.

O Relatório sobre o Estado do Clima na América Latina e no Caribe de 2023 da OMM, a ser lançado em breve, abordará os impactos do El Niño e das mudanças climáticas na região no ano anterior. Este tema foi discutido nas reuniões da secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, com líderes governamentais no Chile nos dias 1 e 2 de maio.

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