Um dos empresários mais conhecidos e pioneiros do setor de transporte público em São Paulo, juntamente com seu império empresarial, estão enfrentando acusações de fraude para evitar o pagamento de dívidas que somam R$ 56 milhões desde a década de 1990. Um banco entrou com uma ação na Justiça buscando o bloqueio desse valor e a condenação do Grupo Belarmino para quitar a dívida de uma empresa de ônibus. O patriarca do Grupo Belarmino é líder de um dos clãs portugueses que dominam o setor de transporte público na cidade, com uma das empresas do grupo, a Sambaíba, tendo alcançado lucros acumulados de R$ 276 milhões entre 2019 e 2022, o maior entre as companhias do setor. A empresa é responsável por uma frota de 1,2 mil ônibus, 115 linhas e o transporte diário de 780 mil passageiros na zona norte e no centro de São Paulo.
O Banco Sistema alega que, apesar dos números impressionantes do Grupo Belarmino, o conglomerado ainda é tipicamente familiar, com os acionistas diretamente envolvidos nas fraudes cometidas. O banco é sucessor do antigo Banco Bamerindus e moveu uma ação em 1997 para cobrar uma dívida de R$ 2,9 milhões da empresa Campos Elíseos, que pertencia a José Eustáquio, outro nome influente no setor de transporte público. No processo, o banco afirma que a Campos Elíseos foi fraudulentamente esvaziada e seus ativos mais valiosos foram transferidos para outras empresas do Grupo Belarmino, tornando-a incapaz de pagar suas dívidas. O banco também alega que os Belarmino adquiriram a Urca, outra empresa de José Eustáquio, em 1997, e transferiram os funcionários e ativos da Campos Elíseos para a Urca através de um contrato particular, deixando a Campos Elíseos como uma empresa endividada e desativada. O propósito dessa manobra, segundo o banco, era permitir que José Eustáquio vendesse a Campos Elíseos para o Grupo Belarmino, enquanto a parte saudável da empresa fosse transferida para a Urca.
No entanto, o banco afirma que a Campos Elíseos se tornou uma empresa sem ativos e atolada em dívidas, enquanto o Grupo Belarmino continuou operando lucrativamente através da Urca, sem se preocupar com o pagamento das dívidas deixadas para trás. O Banco Sistema busca agora o bloqueio de ativos e a condenação do Grupo Belarmino para quitar a dívida e reparar a fraude cometida. A situação ilustra as disputas e práticas duvidosas que ocorrem no setor de transporte público em São Paulo, onde clãs familiares dominam e os conflitos financeiros são frequentes.
O público está se manifestando contra o Grupo Belarmino com o objetivo de comprovar à justiça que eles frequentemente utilizam expedientes fraudulentos. Uma dessas fraudes está relacionada a uma licitação em Campinas, onde a família tem influência. De acordo com um banco, fica evidente que a manipulação das empresas do Grupo Belarmino é comum e corriqueira, tanto para enganar seus credores quanto o Poder Público. A reportagem procurou Belarmino e suas empresas, mas não obteve resposta até a publicação deste artigo.
O espaço está aberto para que Belarmino ou seus representantes se manifestem a respeito dessas acusações.