O governador do Acre, do partido PP, enfrentará um julgamento no Superior Tribunal de Justiça na próxima semana. Ele é acusado de envolvimento em um esquema de desvio milionário de verbas públicas no estado, totalizando R$ 11,7 milhões. A Procuradoria-Geral da União denunciou o governador e outras 12 pessoas por diversos crimes, incluindo corrupção e fraude em licitações.
A acusação inclui familiares do governador, empresários e servidores, todos supostamente envolvidos em recebimento de propina e desvios em obras. As penas possíveis para esses crimes somam mais de 40 anos de prisão. As investigações apontam para diferentes métodos usados para lavagem de dinheiro pelo grupo ligado ao governador, incluindo negociações de carros, imóveis e até aviões para ocultar os desvios de verbas públicas.
A Polícia Federal destacou que também houve operações bancárias suspeitas, como depósitos em espécie feitos de forma fracionada, com altos volumes movimentados nas contas do governador. A movimentação financeira nas contas de Cameli levanta suspeitas, com depósitos feitos por parentes, agentes públicos e empresas em que o governador possui participação societária.
Outro aspecto levantado nas investigações é a possível lavagem de dinheiro por meio da aquisição de veículos, com pagamento parcial feito em dinheiro vivo, oriundo de empresas ou sem comprovação de origem. Concessionárias de automóveis não esclareceram a origem dos pagamentos, e até mesmo pagamentos relacionados à construção de um imóvel do governador teriam sido feitos por meio da compra de carros.
Recentemente, informações de um processo revelaram que o governador e a primeira-dama de um estado estariam envolvidos em situações de pagamento de faturas suspeitas, onde algumas delas teriam sido quitadas por terceiros. Os gastos em cartões do casal totalizaram quase R$3 milhões entre 2018 e 2020, porém seus rendimentos declarados não condizem com tal valor.
Além disso, investigações apontam para possíveis transações imobiliárias que podem ter sido utilizadas para lavagem de dinheiro, como o uso de recursos públicos para a construção de um imóvel do governador e a aquisição de terrenos em troca de veículos, que também estariam ligados a esquemas de lavagem de dinheiro.
Outro ponto levantado é a suspeita de depósitos fracionados, em espécie, na compra de uma aeronave, com o objetivo de dificultar o rastreamento das transações. Os valores dos depósitos visavam não ultrapassar R$50 mil e o montante total da aeronave adquirida seria de R$350 mil.