A intensa temporada de chuvas no Rio Grande do Sul está causando sérios estragos em várias comunidades indígenas da região, com estimativas de 80 territórios afetados. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) reportou que cerca de 30 mil indígenas foram atingidos pelos desastres, incluindo danos em infraestruturas, deslizamentos, famílias desalojadas e isoladas, além da interrupção de serviços básicos como água e energia elétrica.
Os impactos das enchentes também resultaram na perda de plantações, representando uma ameaça direta à segurança alimentar das comunidades. Verá Yapua, assessor jurídico da Comissão Guarani Yvyrupa, destacou que as inundações evidenciam problemas crônicos enfrentados pelas comunidades indígenas, como a falta de saneamento básico, que continua sem solução adequada por parte das autoridades.
Em locais como Passo Grande Ponte, os estragos foram devastadores, com diversos pertences perdidos e estruturas residenciais danificadas. A situação de calamidade afeta não apenas os Guarani, mas também indígenas das etnias Charrua, Kaingang e Xokleng. A assistência fornecida até o momento pelos governos federal e estadual tem sido considerada insuficiente, resultando em mobilizações de organizações para coletar doações essenciais como colchões, água, alimentos e cobertores.
Diante desse cenário, a Funai solicitou ao Ministério dos Povos Indígenas um crédito especial de R$ 20 milhões para auxiliar as comunidades afetadas pelas chuvas. Esse recurso será destinado à entrega de itens de higiene, limpeza, alimentos e doações, além de promover a recuperação da capacidade produtiva das comunidades. O MPI e a Funai estabeleceram uma sala de situação para coordenar as ações direcionadas à população indígena e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, visitará o estado junto a técnicos da Funai para acompanhar o andamento do auxílio às comunidades.