A riqueza de uma nação não está diretamente ligada à quantidade de recursos naturais que possui. Um país como a Rússia, com grandes reservas de petróleo, gás e minérios, não é necessariamente o mais rico do mundo. Da mesma forma, a Argentina, com suas valiosas reservas minerais, terras férteis e população educada, não está financeiramente estável.
Em contrapartida, o Japão, que possui escassez de recursos minerais e enfrenta desafios como terremotos frequentes e uma agricultura cara, é a quarta maior economia mundial. Um exemplo ainda mais surpreendente é Cingapura, que passou de um porto abandonado para um centro de negócios próspero. Apesar de ser uma pequena ilha, o país tem uma das rendas per capita mais altas do mundo.
O que realmente influencia a situação política e financeira de um país é o seu sistema de governo. Na África, por exemplo, existem nações ricas em recursos naturais que ainda lutam contra o subdesenvolvimento. O livro “O Sonho do Celta” de Mário Vargas Llosa narra os horrores que os belgas impuseram ao Congo, um território inicialmente doado ao Rei Leopoldo. Apesar de sua riqueza, o país permanece subdesenvolvido sob a opressão de um ditador.
Outro exemplo é a região de Putumayo, na Amazônia peruana, onde os índios foram escravizados por uma empresa inglesa para a extração de borracha. Esses países ricos continuam na pobreza. A colonização europeia nas Américas e na África explica em parte o atraso e a dependência econômica no Ocidente. A maioria das sociedades no Novo Mundo não conseguiu se libertar das amarras do colonialismo, com exceção das treze colônias que formaram os Estados Unidos.
A revolução americana, marcada pela constituição de 1787, foi resultado de um intenso trabalho de discussão entre os delegados na Filadélfia. Durante todo o verão, as janelas foram lacradas para manter a assembleia em sigilo. Em meados de setembro, eles finalmente redigiram a constituição em quatro folhas de pergaminho. A contradição, no entanto, já existia desde o início, como evidenciado por um anúncio publicado no jornal na mesma edição: uma jovem negra sendo vendida como escrava.
O sistema político presidencialista foi adotado em toda a América, mas com resultados variados. Ditaduras proliferaram e a riqueza foi concentrada nas mãos de poucos, enquanto a pobreza afetou as massas. A Venezuela é um exemplo claro disso, onde o petróleo de Maracaibo atraiu empresas americanas, mas o lucro foi para a elite, deixando a população à margem. Esses exemplos são comuns em vários países sul-americanos.
O Brasil enfrentou ao longo de sua história dificuldades em desfrutar de riquezas. O ouro das minas gerais foi levado para Portugal e Inglaterra, deixando pouco para a nação independente. No entanto, o pré-sal abriu novas perspectivas recentemente, possibilitando o financiamento de desenvolvimento, embora com algumas falhas na administração do governo anterior.
Agora, surge uma nova oportunidade na Margem Equatorial, com a descoberta de um novo pré-sal. Investir na exploração de petróleo nessa região pode ajudar a financiar a transição energética do país, além de levar progresso e desenvolvimento para o norte do Brasil, uma região historicamente esquecida.
É essencial garantir a segurança na extração do óleo, seguindo os exemplos de países como os Estados Unidos, Rússia, Noruega e Angola. Dessa forma, é possível utilizar de maneira autônoma e independente os recursos naturais valiosos para superar o subdesenvolvimento. Ao mesmo tempo, é preciso equilibrar as necessidades de preservação do meio ambiente com a oportunidade real de impulsionar o desenvolvimento nessa vasta região negligenciada.
Desejamos a todos um feliz ano novo.
André Gustavo Stumpf, jornalista ([email protected])