Temos consciência do sofrimento do povo palestino desde a criação de Israel. Não podemos permitir que nenhum holocausto justifique a tirania de um povo sobre outros. O sionismo está se aproximando do fascismo e é algo que precisamos combater. Heba, você pertence ao povo de refugiados mais antigo do mundo, e nosso padre Julio Lancelotti defende a causa palestina com fervor, assim como cuida dos refugiados internos no Brasil.
Fiquei comovido com sua pintura “Jerusalém é minha cidade”, que transmite um sonho de paz e harmonia. Apesar de nunca ter conhecido Jerusalém, posso compartilhar desse sonho. Infelizmente, a sanha assassina de Bibi Netanyahu e seus comparsas é ocidental, assim como a imprudente contagem regressiva de derrotas de Biden Gagá.
Resta-nos a resistência das mulheres árabes de São Paulo e dos estudantes que debateram exaustivamente o sacrifício do povo palestino na Universidade. Aprendemos o significado da palavra Nakba, a catástrofe e êxodo do povo palestino. Estamos sendo massacrados nos campos de batalha e na mídia, mas acredito que venceremos essa guerra contra o povo palestino, custe o que custar.
Diariamente passo pela praça Estado da Palestina, que geralmente está vazia, mas ocasionalmente abriga moradores de rua, como representantes dos povos refugiados. Zygmunt Bauman nos alertou sobre a produção de refugos humanos pelo mundo, resultado da modernidade líquida e do capitalismo decadente.
Não podemos deixar de mencionar as mães palestinas, suas penas e gestos heroicos. Eles foram cantados em lamentos durante manifestações de apoio ao povo palestino em São Paulo.
Há aproximadamente um mês, ocorreu um trágico evento em que algumas bombas foram lançadas por ataques aéreos israelenses. Durante essa terrível noite, você, como mãe, percebeu que nunca poderia se separar dos seus dois filhos. Agora, vocês são lembrados por aqueles que continuam lutando e são considerados uma parte essencial da memória de uma cidade que um dia espera se tornar pacífica. Essa cidade sempre foi e sempre será “tua”, Heba, assim como de seus filhos.
O autor deste artigo é Francisco Foot Hardman, um professor da Unicamp, conhecido por seus livros, incluindo “A ideologia paulista e os eternos modernistas”.