Aumento impressionante: número de mortes pela Rota cresce quase cinco vezes durante o primeiro ano da gestão Tarcísio

Em 2023, o número de mortes causadas por policiais das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) em São Paulo aumentou significativamente em relação ao ano anterior. Foram 32 mortos em serviço, um aumento de 357% em comparação com as 7 mortes registradas em 2022. Esse aumento é muito maior do que o registrado pela Polícia Militar como um todo, que teve um aumento de 26% no mesmo período.

Os dados foram fornecidos pelo Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público Estadual (MPSP). Quando incluídas as mortes causadas por agentes da Rota fora de serviço, o total de mortos passa de 12 em 2022 para 37 no ano passado.

Além da Rota, os Batalhões de Ação Especial de Polícia (Baeps) também apresentaram um aumento no número de mortos em serviço. No ano passado, foram registradas 57 mortes, em comparação com as 27 de 2022.

O governador Tarcísio de Freitas minimizou a importância das câmeras corporais usadas pelos policiais militares, apesar dos números que mostram uma redução expressiva na letalidade após a implementação desses equipamentos. Segundo ele, “a efetividade das câmeras corporais na segurança do cidadão é nenhuma”.

A Rota teve o seu primeiro integrante morto em serviço desde 1999 no ano passado, o que gerou a Operação Escudo na Baixada Santista. Nos quatro dias seguintes, policiais da Rota mataram oito pessoas. Ao todo, após 40 dias, a Operação Escudo terminou com 28 mortos por policiais na região do litoral sul.

Além disso, policiais da Rota também estão envolvidos em ocorrências fora do estado de São Paulo. Em uma dessas ocorrências, durante a Operação SULMaSSP em parceria com outros estados, um suspeito foi morto em Ponta Porã (MS).

No geral, o aumento expressivo no número de mortes causadas por policiais da Rota em serviço levanta preocupações sobre os métodos utilizados pela tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo.

Um professor de criminologia criticou a postura do governo em relação à implementação de câmeras corporais durante abordagens policiais. Segundo ele, o governador afirmou que não vê como esse equipamento poderia melhorar a vida e a segurança do cidadão, ignorando a abundante evidência científica que comprova os benefícios das câmeras na redução da letalidade. Ele aponta que as câmeras também protegem os próprios policiais, pois esses se expõem menos ao risco quando estão sendo gravados.

O professor destaca que não existem evidências que apoiem a ideia de que o aumento da letalidade policial reduza os índices criminais. Ele menciona o estado da Bahia, governado pelo PT, como exemplo de local onde o número de mortes pela polícia é alto, mesmo assim a segurança não é garantida.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) nega a postura do governo de ignorar a importância das câmeras corporais. Segundo a SSP, eles investem no treinamento das forças de segurança e em políticas públicas para reduzir as mortes em confronto, além de adquirir equipamentos menos ofensivos. A pasta alega que as ocorrências de mortes por intervenção policial são analisadas por uma comissão que busca ajustar procedimentos e revisar treinamentos. Segundo a SSP, não é a atuação da polícia que causa as mortes, mas sim a ação dos criminosos que escolhem o confronto. A SSP reafirma que o programa de câmeras corporais está em vigor, com contratos de manutenção ativos e orçamento previsto para este ano.

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