Passou um ano desde o incidente de 8 de janeiro, quando o Palácio do Planalto foi invadido por bolsonaristas, e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ainda não divulgou informações sobre quantos funcionários foram investigados ou punidos devido à omissão nesse episódio. Foi revelado que membros do GSI tentaram permitir que os golpistas saqueadores do palácio escapassem pelo térreo, em vez de expulsá-los.
Perguntas foram feitas ao GSI sobre o número de funcionários investigados internamente por sua atuação em 8 de janeiro, quantos foram punidos, as punições aplicadas e quantos processos ainda estão em andamento. No entanto, o ministério da Presidência não respondeu a essas perguntas. Apenas afirmou que a “sindicância” foi concluída e enviada ao STF em junho, sem dar mais detalhes.
Diversos elementos indicam a ação irregular do GSI em 8 de janeiro. Foi mostrado que militares do GSI pretendiam permitir que os golpistas saqueadores deixassem o Planalto pelo térreo do prédio. Esses extremistas só foram presos por ordem da Polícia Militar, que chegou a ser confrontada por um coronel do Exército. Um assessor que testemunhou a invasão afirmou em entrevista que os militares do GSI não reprimiram os terroristas, o que é corroborado por vídeos do dia 8 de janeiro.
Apesar dos atos golpistas, o GSI adotou uma postura ambígua em relação às medidas tomadas para punir possíveis culpados. Em fevereiro do ano passado, o ministério afirmou, por meio da Lei de Acesso à Informação, que o caso era sigiloso e posteriormente informou que não havia aberto nenhuma investigação contra seus funcionários.
No entanto, poucos dias depois, a versão mudou e o ministério afirmou ter aberto duas investigações internas sobre o incidente de 8 de janeiro: uma em 16 de janeiro para apurar danos materiais sofridos pelo GSI durante a invasão e outra em 26 de janeiro para apurar a atuação de funcionários do ministério, sem mencionar quantos servidores estavam envolvidos.
O ex-ministro do GSI durante 8 de janeiro, o general Gonçalves Dias, foi flagrado caminhando entre os golpistas no Palácio do Planalto durante a invasão. Antes disso, o GSI se recusou várias vezes a divulgar as filmagens do Planalto naquele dia, mesmo diante de pedidos da Câmara, da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal e solicitações pela Lei de Acesso à Informação.
O general GDias, que já foi chefe de segurança de Lula durante mandatos anteriores, foi alvo de duas CPIs, uma do Congresso e outra da Câmara Legislativa do DF. Ambos os comitês isentaram GDias de qualquer culpa. A CPMI do Congresso concordou com a explicação do general e concluiu que, entre 1º e 8 de janeiro, ele só havia conseguido substituir 5% de seus subordinados herdados do governo Bolsonaro.