O cenário político para a eleição municipal de São Paulo no próximo ano está repleto de incertezas e possíveis surpresas. Uma das possibilidades é que o PSDB não tenha um candidato próprio, mas ainda é cedo para afirmar isso com certeza. O ex-governador Rodrigo Garcia pode ceder às pressões internas e concorrer, já que não teria nada a perder sem mandato. No entanto, o partido tem apresentado resultados fracos nas últimas eleições, inclusive para a presidência.
Por outro lado, o PT, pela primeira vez, não terá um candidato próprio a prefeito. Entretanto, isso não deve fazer grande diferença, já que o partido apoiará Guilherme Boulos, do PSOL. Boulos abriu mão de sua candidatura a presidente em 2022 para apoiar Lula, e também abriu mão de sua candidatura ao governo de São Paulo para apoiar Haddad. É uma forma de o PT retribuir o apoio.
O que poderá ser realmente inédito nesta eleição é o apoio do presidente da República a um candidato e o apoio do vice-presidente a outro. Lula já admitiu que isso seria estranho, enviando um recado para seu vice, Geraldo Alckmin, que provavelmente apoiará o candidato do seu próprio partido. Alckmin é do PSB, mas antes teve uma carreira pelo PSDB. A deputada Tabata Amaral também deverá ser candidata a prefeita pelo PSB, o que pode gerar conflitos internos.
A política é cheia de situações bizarras à primeira vista. Em 1997, Fernando Henrique Cardoso, então presidente da República e candidato à reeleição, apoiou a reeleição de Mário Covas (do PSDB) para o governo de São Paulo, mesmo concordando com Paulo Maluf, adversário de Covas, em decorar a cidade com outdoors onde eles apareciam juntos. Apesar da irritação inicial de Covas, ambos saíram vitoriosos.
No presente, há especulações de que o presidente Jair Bolsonaro apoiará a reeleição de Ricardo Nunes (do MDB) para a prefeitura de São Paulo, mas até o momento isso não foi confirmado. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, por sua vez, já elogiou Boulos em público e afirmou que ele é favorito para se tornar prefeito da cidade em 2024, mesmo tendo apoiado Tarcísio para o governo de São Paulo e Lula para a presidência.
Outra história curiosa envolve os irmãos Ciro e Cid Gomes, que estão em conflito no Ceará. Ciro permanece no PDT, enquanto Cid está com um pé no PSB. No entanto, não seria surpreendente se ambos encontrassem uma forma de se entenderem para atingirem seus próprios objetivos em 2026.