No dia 12 de dezembro do ano passado, ocorreram ataques violentos em Brasília, com a invasão e destruição de várias instalações importantes, como o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. O então presidente Lula, eleito e empossado recentemente, havia ordenado a prisão dos bolsonaristas envolvidos no ataque, mas o Exército se recusou a cumprir a ordem.
O general Júlio César de Arruda, comandante do Exército na época, colocou tanques e tropas para impedir a entrada da polícia militar que iria executar a ordem presidencial. Foi uma atitude de desrespeito à autoridade do presidente, um episódio de anarquia militar raramente visto no país desde o fim da ditadura.
No último fim de semana, Lula deu o troco. Ele acusou o Exército, assim como Bolsonaro, o governador do Distrito Federal e as polícias envolvidas, de terem feito um pacto durante os ataques em dezembro de 2022. Segundo Lula, eles teriam permitido e até mesmo colaborado com os ataques contra Brasília.
Houve, inclusive, tentativas de invasão da sede da Polícia Federal e até mesmo um atentado com bomba próximo ao aeroporto de Brasília. Lula afirmou que testemunhou a queima de ônibus e carros enquanto a polícia observava sem tomar qualquer providência. De acordo com o presidente, aquilo só poderia ter acontecido se o Estado permitisse.
Esses eventos causaram um grande impacto nas relações entre Lula e as forças militares. Apesar de ambos os lados negarem publicamente, é evidente que as feridas abertas pelo golpe serão difíceis de cicatrizar. O Exército terá que engolir Lula, pois não há alternativa. Por outro lado, Lula não acreditará na conversão dos militares à democracia.
É provável que a pressão por justiça e punição para os envolvidos no golpe, estejam eles fardados ou não. A sociedade exigirá que os culpados sejam julgados e punidos de maneira severa, sem possibilidade de anistia.