Uma investigação do Ministério Público de São Paulo revelou uma rede de agiotas ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) que movimentou R$ 20 milhões no ano passado. O esquema envolvia corrupção policial, sequestro de bens e cobrança de juros abusivos de até 300% ao mês, com multas diárias para inadimplentes.
A operação policial, denominada Khalifa, resultou na prisão de 9 pessoas e na busca por mais 2 envolvidos. O líder do grupo, identificado como Kaká, é apontado como membro relevante do PCC e tem conexões com crimes como jogo de azar e posse ilegal de arma de fogo.
Na estrutura de agiotagem, o braço direito de Kaká era Daniel Carvalho Vasconcelos Santana, responsável pela administração dos empréstimos e contabilidade do dinheiro arrecadado. Outros indivíduos atuavam diretamente na cobrança dos clientes, incluindo Fernando de Souza Santos, Ricardo dos Santos Barbosa e Rodrigo de Carvalho Covelo.
A prática da agiotagem em grande escala surgiu como alternativa ao assalto e tráfico de drogas, atividades principais do PCC, por ser considerada lucrativa e menos arriscada. O advogado Marco Antônio Pereira de Souza Bendo, apontado como membro da facção, também está sob investigação por supostamente participar de um Tribunal do Crime em 2023.
Dentre os acusados de ligação com o PCC estão Jonathan Lemos da Cruz, Eduardo Nunes da Silva, Sedemir Pelicari Fagundes, Luiz Carlos Rodrigues Garcia e Márcio Pereira dos Santos. O esquema envolvia ameaças, sequestro de bens e práticas ilegais visando o enriquecimento do grupo.
Em um caso ocorrido em março de 2023, dois investigados invadiram o apartamento de um homem que havia recebido um empréstimo de R$ 24 mil e ainda devia R$ 10 mil. Um dos indivíduos teria feito ameaças, mencionando estar armado e com antecedentes criminais. A dupla saiu do local levando a chave do veículo da vítima. Posteriormente, seis meses depois, o grupo cobrou um dono de mercado, expressando impaciência quanto ao pagamento.
Além das extorsões e ameaças, a investigação também sugere envolvimento do grupo com a corrupção de policiais. Em uma conversa registrada, um dos envolvidos mencionou a necessidade de pagar propina para soltar um amigo detido por porte ilegal de arma. O MPSP apontou que o grupo adotou medidas para dificultar a investigação e impedir a aplicação da lei, como retirar grandes quantias de dinheiro e alterar senhas e informações de comunicação.
Outro ponto mencionado na investigação é o processo contra um dos investigados por corrupção ativa. A promotoria também levanta a suspeita de vazamento de informações sigilosas sobre uma operação policial para os alvos do caso. Os investigados teriam se reunido para discutir a situação e adotar medidas para evitar possíveis consequências legais.
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