Com a iminente reeleição de Vladimir Putin como presidente da Rússia, surgem questões sobre o que podemos esperar do seu próximo mandato. Até que ponto ele se afastará da União Europeia e dos Estados Unidos nos próximos seis anos? Como chegamos a este ponto, onde a esperança de reconciliação com a Europa se desvaneceu e Putin se tornou um adversário do mundo ocidental?
Dois russos, de diferentes origens e gerações, buscam respostas para essas perguntas. Vitaly Mansky, renomado documentarista, e Alexander Stefanov, conhecido historiador do YouTube na Rússia, têm visões distintas sobre Putin. Enquanto Mansky já fez dois filmes sobre o presidente russo e agora vive na Letônia, Stefanov, aos 24 anos, sonha em conhecer pessoalmente Putin e continua na Rússia.
Mansky teve a oportunidade de retratar os bastidores do Kremlin em 2000, aproximando-se de Putin em seu filme “Russia – The Beginning”. Por outro lado, Stefanov, que cresceu vendo Putin na televisão, viu sua visão sobre o líder russo mudar ao longo dos anos, percebendo-o mais como uma figura política do que como pessoa.
Para Mansky, a transformação de Putin é evidente desde os anos 1990, quando visitou o Kremlin e observou a mudança abrupta após a eleição presidencial. Já Stefanov, influenciado pela propaganda estatal, vê Putin como uma figura desumanizada e endeusada pelo governo.
Um novo olhar sobre o percurso de Vladimir Putin revela um líder político moldado por conselheiros e circunstâncias, mas que também soube adaptar a própria imagem ao que lhe foi demandado. Segundo especialistas, Putin inicialmente se esforçava para parecer mais ocidental e liberal do que necessário, porém, sua visão do Ocidente como rival se intensificou ao longo do tempo.
Este jovem líder, que se via fascinado pelo Ocidente em seus primeiros anos, logo passou a criticar o domínio dos EUA no sistema de relações internacionais pós-Guerra Fria. A desilusão quanto ao Ocidente cresceu, levando Putin a adotar a postura de opositor ao desenvolvimento da Rússia em relação ao mundo ocidental, distanciando-se de instituições internacionais que a Rússia havia aderido sob o comando de Yeltsin.
De acordo com análises, Putin se movimentou para longe do grupo liberal de seus assessores e passou a moldar seu imperativo moral e estrutural de acordo com sua própria visão. A metamorfose do líder russo foi gradual, mas consistente, resultando em um afastamento da doutrina liberal e uma consolidação de sua própria ideologia.
Apesar das perspectivas divergentes entre um jovem Youtuber e um cineasta mais experiente, ambos concordam que Putin provavelmente irá controlar o destino da Rússia até o final de sua vida. Enquanto a esperança por uma maior liberdade na Rússia persiste para alguns, a realidade para outros é a perpetuação do controle e da influência de Putin sobre o país.