O desfile da escola de samba Vai-Vai no Carnaval de São Paulo gerou polêmica entre políticos de direita e de esquerda. Uma das alas da escola representava a tropa de choque da Polícia Militar com referência a demônios. Essa alegoria fazia parte do samba-enredo que homenageava o álbum “Sobrevivendo no Inferno” do grupo Racionais MC’s, que relata o dia de um preso na cadeia do Carandiru. Os figurinos dos “policiais demônios” eram compostos por escudos, cassetetes e capacetes adornados com asas e chifres em tons de vermelho e amarelo.
No desfile da escola de samba Barroca Zona Sul, no Anhembi, em São Paulo, a presença de políticos de esquerda, como o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e o deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato a prefeito pelo PSol, gerou controvérsias. Enquanto Almeida destacou a ligação familiar com a Vai-Vai, uma das escolas de samba mais tradicionais da cidade, Boulos compartilhou fotos e mencionou o enredo sobre o Rap Nacional.
Por outro lado, no campo da direita, o deputado federal Kim Kataguiri criticou a fantasia da Vai-Vai, acusando a escola de exaltar bandidos em detrimento dos policiais. O deputado Delegado Palumbo também reprovou a representação dos policiais como demônios, enfatizando que os agentes são “verdadeiros anjos de farda”. O Sindicato dos Delegados de Polícia de São Paulo emitiu uma nota de repúdio ao desfile, enquanto o deputado Capitão Augusto solicitou a proibição de recursos públicos para a escola nos próximos anos.
Em resposta às críticas, a Vai-Vai argumentou que a ala retratada no desfile foi uma homenagem ao grupo de rap Racionais Mcs, sem intenção de promover ataques individuais ou provocações. A escola reiterou que todos os 20 setores da apresentação tinham o propósito de homenagear um movimento específico.
No artigo intitulado “Capitulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano”, foi feito um manifesto crítico em relação à definição de cultura na cidade de São Paulo. O texto argumenta que a cultura paulistana exclui expressões culturais como o hip hop e seus elementos fundamentais (breaking, graffiti, MCs e DJs).
O objetivo do manifesto foi homenagear e dar voz aos artistas que são excluídos e não têm o devido reconhecimento por seu talento e trajetória. Acredita-se que a manifestação seja uma forma de chamar a atenção para a importância dessas expressões artísticas e para a necessidade de incluí-las na definição de cultura na cidade de São Paulo.