Madonna e os oceanos: uma colisão (por Gustavo Krause)

O Brasil tem passado por momentos intensos e variados recentemente. Desde tragédias como a enchente no Rio Grande do Sul até grandes eventos como o show de Madonna no Rio de Janeiro, o país tem vivido emoções diversas. A cantora escolheu o cenário perfeito para comemorar suas quatro décadas de carreira, no Rio de Janeiro, com o Cristo Redentor ao fundo, em Copacabana, conhecida como a “princesinha do mar”. O espetáculo foi grandioso, cheio de luz e poesia, transmitindo sentimentos afetivos, sensuais e eróticos de forma universal.

No extremo sul do Brasil, a água, fonte da vida, que inspirou poetas como Guilherme Arantes, passou de serena e reverenciada a motivo de devastação. Enquanto isso, em contraste, no Rio de Janeiro, a festa acabou e os artistas voltaram aos camarins. E a vida segue seu curso. O Brasil solidário se une diante das tragédias naturais, mostrando que apesar da água sofrer com o descuido humano, ela não se vinga, simplesmente reage diante dos maus tratos que recebe.

A questão da água é um reflexo do erro estratégico da humanidade em priorizar o crescimento econômico a qualquer custo, desconsiderando os limites dos recursos naturais finitos. Esse modelo de progresso desenfreado resulta em desequilíbrios nos ecossistemas e em tragédias como as enchentes no Rio Grande do Sul. As vozes da ciência alertam que o planeta não suporta mais esse padrão insustentável de progresso.

Nesse momento de crise, não é mais possível ignorar as consequências do desrespeito à natureza e a urgência por um modelo mais sustentável, focado no respeito e cuidado com o meio ambiente. A emergência climática não é apenas uma questão científica, mas uma realidade que impacta a todos nós. É tempo de repensar nossas ações e buscar soluções para proteger nosso planeta e garantir um futuro mais seguro para as próximas gerações.

Atualmente, muitos debatem sobre a dualidade entre abordagens cartesianas e baconianas em relação à nossa relação com a natureza. É imprescindível compreender que não somos meros dominadores dela, mas sim parte intrínseca e interligada a ela, compartilhando um destino comum. A reflexão sobre o sofrimento, a dor e a perda nos conduz a clamar por uma mudança de consciência, priorizando valores, qualidade de vida, moderação e frugalidade em vez de focar em lucro e quantidade.

É urgente que empreendamos transformações significativas em nossos padrões de comportamento em relação ao ambiente, enquanto reconhecemos que temos sido negligentes com o planeta que chamamos de lar. Devemos assumir nossas responsabilidades como habitantes, reconhecendo nossos equívocos e pedindo desculpas às gerações futuras por nossa má administração do Lar Planetário. Esta conscientização é essencial para garantir um futuro sustentável para todos os seres vivos que habitam este mundo.

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