Uma assistente administrativa de São Paulo desabafou sobre a dor e a sensação de impunidade que sua família enfrenta desde que seu filho, um eletromecânico de 24 anos, foi morto por policiais militares em Limeira, interior de São Paulo. O jovem foi baleado oito vezes por PMs do 36º Batalhão do Interior, em março.
De acordo com o depoimento obtido, um tenente e um soldado admitiram os disparos que resultaram na morte do rapaz. Os policiais alegam que houve troca de tiros porque o jovem teria reagido, sendo que ele estava em um carro roubado sem saber.
A mãe do jovem caçula argumenta que seu filho não participou do assalto e entrou no veículo em que estava o suspeito sem conhecimento da situação, influenciado pela embriaguez. Imagens de câmeras de monitoramento mostram o momento do roubo e comprovam a ausência do jovem no assalto.
Amigos do eletromecânico testemunharam que eles estavam em outro local, divulgado em redes sociais, enquanto o crime ocorria. A família do rapaz se revolta com a execução, alegando que os PMs não mencionaram outros envolvidos no roubo quando abordaram o carro onde ele estava.
Na Delegacia Seccional de Limeira, o tenente Teixeira e o soldado Farias do 36º BPMI relataram que foram informados sobre o roubo de um carro por volta das 2h do dia 16 de março. Ao avistarem o veículo no cruzamento das Ruas Maria Vilma Buck Bertaia e Antônio de Luna, iniciou-se uma perseguição em direção à Estrada da Balsa.
Segundo os policiais, durante uma curva sinuosa, o condutor do carro roubado perdeu o controle e o veículo ficou atravessado na rua. Nesse momento, houve uma primeira troca de tiros, após a qual o suspeito embarcou novamente no carro. A perseguição continuou até o bairro Las Palmas, onde o veículo foi parado no cruzamento das Ruas Norma Chiquinho Faber e Paulo Gomes da Silva no número 230.
O suspeito teria efetuado disparos, levando a um segundo tiroteio. Em seguida, o criminoso teria entrado em uma mata, levando os policiais a mudarem o percurso e adentrarem também na vegetação. Durante essa perseguição, houve uma terceira troca de tiros, e o suspeito cessou as ações hostis, sendo posteriormente encontrado morto.
Quando socorristas chegaram, descobriram que o suspeito estava morto, com um revólver calibre 38 ao lado de seu corpo. Um laudo da Polícia Técnico Científica revelou que o suspeito foi atingido por múltiplos tiros em diferentes partes do corpo.
Os policiais afirmaram que não havia outro suspeito além do que foi encontrado morto. A arma apreendida com ele tinha tiros deflagrados, mas a quantidade de munição não condizia com o número de disparos realizados pelos policiais durante a perseguição.
Um exame residuográfico não identificou pólvora nas mãos do suspeito. Uma testemunha relatou ter ouvido policiais discutindo sobre colocar uma arma no local onde o suspeito foi encontrado morto, gerando preocupações sobre a conduta dos agentes.
A mãe do suspeito afirmou que os policiais envolvidos na morte de seu filho têm passado com frequência em frente à sua casa, especialmente após ela denunciar os agentes à Corregedoria e ao Ministério Público de São Paulo. Ela expressou medo e desejo por justiça para o ocorrido, ressaltando o impacto emocional devastador que a perda do filho causou em sua família.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo emitiu uma nota em resposta aos acontecimentos, sem fornecer detalhes sobre as inquietações levantadas pela família do suspeito.
Um caso em investigação pelo 4º Distrito Policial de Limeira envolve também a abertura de um Inquérito Policial Militar para esclarecer todos os aspectos relacionados ao incidente. A Corregedoria da PM está acompanhando os inquéritos em andamento e se coloca à disposição dos familiares de Vinícius para denunciar qualquer conduta inadequada por parte dos agentes que passam em viaturas em frente à residência da família.
A Polícia Militar reforçou seu compromisso com a legalidade, destacando seus rigorosos protocolos operacionais e a postura contrária a excessos, indisciplina ou desvios de conduta. A instituição visa zelar pela ética e pela integridade em suas ações, assegurando a transparência e a responsabilidade em suas atividades diárias.