Recentemente foi revelado que a Marinha do Brasil guarda em sigilo informações sobre armas perdidas, furtadas e roubadas da instituição. Esses dados foram classificados como reservados, o que significa que só poderão ser divulgados após cinco anos. Diferentes níveis de restrição são aplicados pelo governo, sendo o mais alto o ultrassecreto. No caso de classificação como reservado, o prazo para divulgação é de cinco anos. Enquanto a Aeronáutica divulgou integralmente os dados de armamentos extraviados solicitados via Lei de Acesso à Informação, a Marinha ofereceu apenas informações até maio de 2019.
Em resposta a uma solicitação de informações feita por uma reportagem, a Marinha declarou que não poderia atender ao pedido e anexou 14 termos de classificação de informação do órgão, os quais determinam o sigilo de certos dados. Estes termos variam em datas de maio de 2019 a abril de 2024. Nos documentos, as justificativas para o sigilo foram tarjadas, mas ainda assim algumas puderam ser lidas. De maneira geral, a Marinha argumenta que revelar detalhes sobre armas desaparecidas comprometeria atividades de inteligência, investigação e fiscalização em andamento relacionadas à prevenção ou repressão de infrações.
No período entre 2013 e maio de 2019, houve o registro de 59 armas roubadas, furtadas ou perdidas pela Marinha. Dessas, apenas 10 foram recuperadas, deixando 49 armamentos ainda desaparecidos, incluindo 17 pistolas, 12 fuzis e 12 revólveres, além de carabinas, espingardas e submetralhadoras. A falta de justificativas claras para o sigilo em torno desses dados gera questionamentos sobre a transparência e prestação de contas da instituição.