A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação contra o influencer fitness Renato Cariani, acusado de desviar substâncias químicas para a produção de crack e cocaína. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) já havia arquivado um inquérito aberto com base na mesma denúncia.
A investigação, que durou seis anos, apontou que Cariani fazia parte de um esquema que desviou uma quantidade de substâncias químicas suficientes para produzir 15 toneladas de crack. A denúncia partiu do laboratório AstraZeneca, que fabrica vacinas contra a Covid-19.
A PF solicitou a prisão de Cariani e de outros suspeitos, porém os pedidos foram negados pela Justiça Estadual. Após ser alvo de busca e apreensão, o influencer afirmou que foi surpreendido com a operação e que irá pedir acesso ao processo para poder se manifestar.
Paralelamente ao inquérito da PF, a Polícia Civil também conduziu uma investigação com base na mesma denúncia da AstraZeneca. No entanto, o Ministério Público Estadual decidiu arquivar o caso em abril deste ano devido a lacunas na investigação.
Além da denúncia do laboratório, a Polícia Civil também recebeu notificações da Receita Federal sobre transações suspeitas envolvendo a empresa Anidrol, da qual Cariani é sócio. O Fisco identificou dois pagamentos em dinheiro vivo no valor de R$ 212 mil, que a AstraZeneca não reconhece ter feito para a empresa do influencer.
Em seu depoimento, Cariani afirmou que foi responsável pelas negociações com a AstraZeneca juntamente com sua sócia, Roseli Dorth. Ele também alegou ter recebido documentos sobre a “aquisição de produtos controlados e documentos” da empresa. A defesa de Cariani entregou trocas de e-mails com uma pessoa que se identificava como representante da AstraZeneca, porém não houve quebra de sigilo para confirmar a identidade dessa pessoa.
O promotor Eduardo Soares Amaral, responsável pelo caso, decidiu arquivar o inquérito em abril, aceitando a versão de Cariani de que falsários conseguiram enganar a empresa vendedora em nome da AstraZeneca. Segundo o promotor, não há elementos que vinculem a empresa Anidrol ao desvio de produtos químicos.
A investigação realizada pela Polícia Federal e pelo Gaeco, que é um braço do Ministério Público de São Paulo, avançou e trouxe novas descobertas sobre o caso. A partir de autorização judicial, a PF teve acesso à quebra de sigilo telemático dos investigados e encontrou indícios de que um amigo do influenciador, chamado Fábio Spínola, registrou o e-mail do falso representante da AstraZeneca em nome de uma pessoa nascida em 1929 e já falecida.
Spínola já havia sido preso pela PF na Operação Down Fall, que apreendeu mais de R$ 2,1 milhões e cumpriu 30 mandados de prisão relacionados ao tráfico de drogas no Porto de Paranaguá. Recentemente, ele foi solto e, durante a operação dessa terça-feira, em São Paulo, a polícia encontrou aproximadamente R$ 100 mil em dinheiro vivo em sua posse.
A PF também conseguiu a quebra de sigilo de Cariani e interceptou mensagens entre o influencer e sua sócia, nas quais ele mencionou estar ciente de que estava sendo monitorado pelos investigadores. Em uma das conversas, Cariani afirmou para Roseli Dorth, sua sócia, que deveriam “trabalhar no feriado para arrumar de vez a casa e fugir da polícia”.