O deputado Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais, obteve permissão do Exército para realizar o chá revelação do sexo de seu bebê no Forte São Francisco Xavier da Barra, em Vila Velha. A autorização foi concedida após a doação de duas baterias de drone para o 38° Batalhão de Infantaria, responsável pela administração do espaço.
O evento ocorreu em setembro do ano passado e contou com a participação do jogador Neymar, que estava concentrado com a Seleção Brasileira em Lima, no Peru, e fez uma chamada de vídeo durante a cerimônia para revelar o sexo do bebê.
Após uma longa tramitação burocrática, a coluna obteve, por meio da Lei de Acesso à Informação, os documentos que mostram a negociação entre o cerimonial do evento e o 38º Batalhão de Infantaria. De acordo com esses documentos, o aluguel do forte militar para eventos particulares custa R$ 2.000 a cada quatro horas. O deputado Nikolas Ferreira pagou esse valor através de uma contrapartida não financeira, que não foi revelada pelo Exército.
O Comando Militar do Leste, responsável pelo espaço, só forneceu as informações completas após negar repetidamente e ser derrotado em uma decisão da Controladoria-Geral da União.
A documentação mostrou que a cerimonialista do chá revelação negociou o uso do espaço com o 38º Batalhão de Infantaria doando duas baterias de drone, no valor total de R$ 3 mil, do modelo DJI Mavic 2 Pro.
O Forte São Francisco Xavier da Barra, construído no início dos anos 1700, foi utilizado durante o período da ditadura militar para torturar presos políticos, incluindo jornalistas como Miriam Leitão e Marcelo Netto. Miriam estava grávida quando foi agredida pelos militares que guardavam o forte na década de 1970.