A vacinação contra a Covid-19 reduziu significativamente os casos graves e as mortes em decorrência da infecção pelo coronavírus. No entanto, mesmo com a maioria dos casos se tornando leves ou assintomáticos, pesquisadores alertam que ainda existe o risco de desenvolver a chamada “Covid longa”.
Estudos realizados ao longo do último ano mostraram que cada nova infecção pelo coronavírus aumenta o risco de sequelas. Em uma pesquisa nos Estados Unidos, foram acompanhados dados de saúde de 138.818 veteranos do exército americano com histórico de infecções pelo coronavírus ao longo de dois anos. Os resultados mostraram que a reinfecção aumentava o risco de desenvolver a Covid longa em diversos sistemas do corpo.
A Covid longa é caracterizada pela persistência ou desenvolvimento de novos sintomas por mais de quatro semanas após o início da infecção. Mais de 200 sintomas já foram associados a essa condição, como fadiga, falta de ar, dor no peito, perda de olfato, disfunção cognitiva e maior propensão ao desenvolvimento de problemas crônicos.
De acordo com os pesquisadores, os efeitos adversos para a saúde são piores após duas infecções em comparação a apenas uma, e ainda piores após três infecções. Isso significa que a Covid longa é cumulativa.
Um estudo recente realizado por universidades nos Estados Unidos, México e Suécia revisou as publicações mais relevantes sobre a Covid longa e identificou 55 sintomas principais. Entre os pacientes estudados, os cinco sintomas mais comuns foram fadiga, dor de cabeça, dificuldade de atenção, perda de cabelo e dificuldade para respirar.
É importante ressaltar que a Covid longa pode ocorrer mesmo em casos leves ou moderados da infecção, sem necessidade de hospitalização. Cerca de 80% das pessoas que tiveram a doença ainda apresentavam algum sintoma pelo menos duas semanas após a cura do vírus.
Além disso, estudos mostram que a fadiga e a perda de cabelo são mais comuns entre mulheres. Acredita-se que a Covid longa seja uma condição complexa e que requer mais pesquisas para entender melhor suas causas e tratamentos.
Pesquisadores alertam para possíveis complicações de longo prazo em pessoas que se recuperaram da Covid-19. Estudos mostram que a infecção inicial pode sobrecarregar o sistema imunológico, levando-o a atacar os próprios tecidos do corpo. Essas complicações, conhecidas como “Covid longa”, ainda não têm um tratamento específico, com foco apenas no controle dos sintomas.
Recentemente, a Universidade de Washington analisou dados de 150 mil pessoas que tiveram Covid-19. Os resultados mostraram um aumento significativo no risco de problemas cardiovasculares, como ataque cardíaco, doença arterial coronariana e infarto, em pessoas que se recuperaram da infecção. Além disso, houve um aumento na incidência de depressão e ansiedade. Os pesquisadores também destacam que infecções subsequentes pelo coronavírus aumentam o risco de desenvolver problemas crônicos de saúde, como diabetes, doenças renais, falência de órgãos e problemas de saúde mental.
Essas descobertas desafiam o mito de que a exposição repetida ao vírus é leve e não apresenta preocupações. Os riscos associados à Covid longa fazem com que seja como jogar roleta russa, de acordo com o médico Rambod Rouhbakhsh.