A fotografia é marcante. Uma égua no topo de um telhado, olhando para a água ao redor, sem encontrar terra firme para se encorajar a deixar o desconforto. Em meio a fortes chuvas que afetam o Rio Grande do Sul, o cavalo de Canoas, uma cidade atingida pelas enchentes, simboliza a perplexidade que tomou conta não apenas dos gaúchos, mas de todos os brasileiros diante de cenas devastadoras. A imagem de uma garotinha pedindo que um barqueiro resgatasse uma boneca flutuante na água é comovente, pois a boneca representava um bebê. Realismo fantástico retratando a tristeza que assola o Brasil.
O país vive um momento de profunda tristeza e incredulidade. Como um estado com boa infraestrutura, um dos mais desenvolvidos do país, e uma das maiores economias nacionais pode ser tão duramente atingido por desastres naturais? Por que não foi prevista uma calamidade tão devastadora? Como explicar os danos irreparáveis causados às pessoas, levando centenas de famílias à ruína? Times de nossa história relatam tragédias e desastres, mostrando a vulnerabilidade humana frente à natureza e à negligência.
Lembramos de acontecimentos passados, como o vazamento de óleo na baía de Guanabara em 1975, incidentes em Cubatão e Goiânia nos anos seguintes, vazamentos de óleo em praias e rios, naufrágios de plataformas, incêndios e rompimentos de barragens que marcaram a história do país. Cada desastre, uma cicatriz ambiental e social, fruto da irresponsabilidade e da busca desenfreada por lucro e progresso, negligenciando a segurança e bem-estar da população.
Agora, mais uma vez, somos confrontados com uma terrível tragédia que deixou mais de 100 mortos, atingiu grande parte dos municípios gaúchos e deixou mais de meio milhão de pessoas desabrigadas. Essa calamidade revela a ausência de políticas efetivas de prevenção de catástrofes, culpando não apenas as forças naturais, mas também a ganância e a irresponsabilidade humana. A destruição provocada pelo homem, em sua incessante busca por ganhos, tem sido a principal causadora de tragédias assim, demonstrando a urgência de ações preventivas e responsáveis.
Neste artigo, é destacada a falta de ações preventivas por parte dos homens públicos em relação às enchentes. A solidariedade dos brasileiros através do trabalho voluntário durante tragédias é enfatizada, porém, é ressaltada a improvisação evidente na administração dos estados e municípios. A distribuição irregular de competências entre União, estados e municípios resulta em sobreposição de ações e projetos essenciais, como o de saneamento, são negligenciados.
A falta de previsão de problemas e antecipação de soluções por parte do governo é apontada como um grande obstáculo. O autor ressalta que as calamidades do presente ocorreram no passado e continuarão no futuro, em um ciclo sem fim. A crítica para com demagogos e oportunistas que se aproveitam da miséria humana também é feita, indicando uma visão crítica sobre a conduta dessas figuras públicas.
O texto traz à tona a provocação feita pelo presidente Lula, questionando o que estaria a égua no telhado pensando. Tal questionamento é interpretado como reflexão sobre a malandragem que influencia a atitude de certas pessoas em posições de poder. Em suma, o artigo aborda a necessidade de ações mais eficazes por parte dos líderes políticos e a constante repetição de problemas decorrentes da falta de planejamento e responsabilidade.