O desmatamento no Cerrado atingiu seu pior nível durante o ano de 2023, de acordo com relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram destruídos cerca de 7.828 km² de flora, um recorde desde o início das medições. Especialistas alertam para a necessidade de diálogo entre o governo federal, especialmente o Ministério do Meio Ambiente, e os estados para reverter essa situação.
O Cerrado é um bioma de extrema importância para a biodiversidade e para as reservas hídricas do país. O desmatamento nesse bioma não é apenas uma questão ambiental, mas também um obstáculo social e econômico para o Brasil.
No ano de 2022, o Cerrado já havia registrado a maior taxa de desmatamento dos últimos sete anos, com a destruição de 10.689 km², de acordo com o Prodes Cerrado, ligado ao Inpe. Para combater o desmatamento, os especialistas destacam a importância da regularização das terras privadas por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a necessidade de um diálogo mais efetivo entre os governos federal e estaduais.
A validação urgente do CAR é apontada como uma ação fundamental para reverter o desmatamento no Cerrado. Essa validação está fora da competência do Ministério do Meio Ambiente e cabe aos estados. Portanto, é necessário um diálogo mais alinhado entre o governo federal e os estados para avançar nessa questão.
Os especialistas também ressaltam a importância de um trabalho mais próximo entre o governo federal e as secretarias estaduais de fiscalização ambiental, para que haja uma maior transparência no processo de autorizações e cumprimento da legislação ambiental. Dessa forma, será possível garantir ações efetivas de fiscalização e monitoramento para combater o desmatamento no Cerrado.
O Cerrado é conhecido como o “berço das águas” e desempenha um papel fundamental na produção agropecuária do país. É essencial buscar alternativas que conciliem a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico sustentável da região.
Mato Grosso e Goiás estão testemunhando um crescimento na atividade agrícola, o que está levando a um aumento significativo no desmatamento do bioma. A região do Matopiba, que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é particularmente afetada. Em outubro, o Matopiba registrou 81,5 mil hectares de área desmatada, representando 74,6% do total no bioma no mês. Especialistas estão preocupados com essa situação e enfatizam a urgência de deter o desmatamento no Cerrado. Enquanto medidas estão sendo tomadas para proibir a importação de produtos provenientes de áreas desmatadas, ainda não há cobertura específica para o Cerrado, mas especialistas acreditam que isso pode mudar em breve. O governo federal também lançou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado) com a meta de frear o desmatamento no bioma até 2030. No entanto, alguns especialistas acreditam que ainda há espaço para melhorias no plano, especialmente em relação às áreas passivas de desmatamento permitidas pelo Código Florestal. É importante ressaltar que o Ministério do Meio Ambiente está em diálogo com os estados e planeja tomar medidas adicionais para enfrentar essa situação.