No artigo publicado anteriormente neste blog, foi levantada a questão sobre a existência de um comando por trás da turbulência ocorrida em 8 de janeiro. Uma possível resposta para essa pergunta pode estar relacionada ao general Braga Netto, um dos alvos da recente operação de busca e apreensão.
Em novembro do ano passado, um jornalista relatou que a antiga sede do comitê de campanha de Jair Bolsonaro, em Brasília, havia se transformado em um suposto “QG do golpe”. De acordo com o relato, Braga Netto estaria recebendo parlamentares da base do então presidente, membros da campanha perdedora e manifestantes bolsonaristas que protestavam em frente aos quartéis contra o resultado das eleições. Supostamente, ele teria prometido aos manifestantes que algo “muito bom” aconteceria.
Diante da falta de apoio das Forças Armadas à conspiração golpista, é possível que Braga Netto tenha instruído os manifestantes a seguirem até a Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro, na intenção de ocupar os palácios e assim, estimular militares a tomarem o poder. Esse plano, porém, era estúpido e não tinha chance de sucesso.
Como mencionei em um artigo recente, as condições para um golpe durante a presidência de Jair Bolsonaro simplesmente não existiam. Não havia apoio das Forças Armadas, nem da maioria da classe média, nem de banqueiros, grandes empresários, parte do Congresso ou da imprensa. Aqueles que se iludiram com a possibilidade de um golpe recorreram à violência porque entenderam que não haveria tal ação. A ideia de provocar o Exército por meio de vandalismo foi extremamente estúpida, pois militares, golpistas ou não, prezam a ordem acima de tudo.
A operação de busca e apreensão na casa de Braga Netto pode revelar que a turbulência de 8 de janeiro foi planejada por ele, e que Jair Bolsonaro estava ciente de tudo, o que poderia levar ambos à prisão. Segundo relatos, no caso de Bolsonaro, a prisão só ocorreria após um julgamento no Supremo Tribunal Federal.