Uma senegalesa de 64 anos, conhecida como Mama, se tornou uma referência para imigrantes africanos em São Paulo. Há quase duas décadas, ela auxilia recém-chegados na legalização de documentos, traduções, e busca por moradia. Mama explica seu envolvimento com os problemas alheios citando um provérbio africano sobre a importância da união.
Mama e seu marido chegaram ao Brasil em 2006, fugindo da pobreza e conflitos em seu país. Os senegaleses enfrentaram desafios ao se estabelecer em São Paulo, uma cidade pouco comum para africanos de nações francófonas na época. Com o crescente número de imigrantes africanos no Brasil, Mama, que já dominava o português, começou a ajudar aqueles que tinham dificuldades de adaptação.
Com o tempo, Mama e seu marido começaram a oferecer ajuda a outros imigrantes, inicialmente fornecendo alojamento e refeições matinais. Mama enfrentou situações de racismo, mas decidiu manter suas raízes africanas, desejando compartilhar a cultura do continente com os brasileiros. Ela passou a vender artesanatos africanos, que se tornaram populares tanto entre o público comum quanto entre celebridades.
Após o falecimento de seu marido, Mama continuou seu trabalho de acolhimento aos imigrantes, mesmo após se mudar para um espaço menor onde inicialmente não pretendia acolher mais pessoas. No entanto, sua dedicação a ajudar quem precisa fez com que Mama abrisse exceções, como o caso de uma mulher da Guiné que recentemente perdeu seus pertences e buscou ajuda.
Uma moradora de São Paulo abriu mão de sua cama, cedendo o sofá da sala para acomodar uma visita especial. A rotina de conciliar a loja com o acolhimento não é simples, especialmente após a trágica morte de um dos imigrantes sob seus cuidados. O senegalês Seringe Mbaye teria caído do 6º andar de um prédio durante uma ação da Polícia Militar, próximo à casa da moradora. Ela planejava encontrá-lo naquela noite, e desde então, tem passado noites em claro mobilizando outros imigrantes para se unirem na luta por justiça.
Após a perda de Mbaye, a moradora expressou sua tristeza e determinação em buscar por justiça: “Agora, a hora de chorar chegou. Nós todos vamos chorar”, lamentou. O apoio e a mobilização em busca de respostas têm sido constantes, com a comunidade imigrante se reunindo para exigir justiça e um esclarecimento sobre o ocorrido. A morte de Mbaye abalou a todos e trouxe à tona a luta por direitos e pela valorização da vida de imigrantes em situação vulnerável na cidade.
Essa história ressalta a importância da solidariedade e da busca por justiça em meio a tragédias que afetam a comunidade imigrante. A moradora, agora dedicada a mobilizar e unir esforços em memória de Mbaye, enfrenta desafios diários, mas encontra forças na união e na esperança por um futuro mais justo e igualitário para todos.