Transformando funções: autoridades identificam papéis do crime organizado na região da Cracolândia

Um novo relatório da Polícia Civil de São Paulo revelou as diferentes funções desempenhadas por criminosos na Cracolândia para alimentar o tráfico de drogas. A região, controlada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), apresenta uma organização hierárquica composta por diversas atividades, que vão desde “montador de barracas” até “traficante de drogas”. Segundo o documento policial, o esquema é estável e permanente, com trocas de turnos e horários entre os envolvidos.

As funções identificadas no mapeamento feito pela Delegacia Seccional Centro incluem “montador de barracas”, “segurança do fluxo”, “auxiliar de traficante” e “mula financeira ou de drogas”. No topo da hierarquia está o “traficante de drogas”, que exerce autoridade sobre os demais. A operação mais recente da Polícia Civil resultou na prisão de um chefe do PCC e mais 12 pessoas na região da Cracolândia.

O relatório destaca que todas as pessoas envolvidas no funcionamento do tráfico na Cracolândia necessitam da autorização dos controladores, que muitas vezes não estão presentes no local, comandando à distância. Uma estratégia comum é a troca de responsáveis por cada função, visando manter o comércio de entorpecentes em pleno funcionamento.

Na base da pirâmide do esquema, o “montador de barracas” é responsável por erguer e, quando necessário, desmontar e guardar as tendas onde as drogas são vendidas, a fim de dificultar a identificação dos verdadeiros donos do entorpecente. Já o “segurança do fluxo” vigia a entrada da Cracolândia, monitorando a chegada de autoridades ou pessoas suspeitas.

Na região conhecida como Cracolândia, ocorrem atividades relacionadas ao tráfico de drogas de forma peculiar. Comunicações são feitas através de apitos e outros sinais sonoros. Os assistentes de traficantes, também chamados de “olheiros”, têm a função de atrair potenciais clientes para as barracas onde trabalham. Já as “mulas”, geralmente mulheres, são responsáveis pelo transporte de dinheiro e substâncias ilícitas. O relatório policial identifica como traficante o proprietário da barraca, figura central no ambiente, com poder de autorização e punições em tribunais internos.

Uma operação recente realizada pelo 3º Distrito Policial de Campos Elíseos resultou na detenção de diversas pessoas na Cracolândia. Destaca-se a prisão de Paulo Rogério Amorim, conhecido como Bahia, um líder suspeito de integrar uma facção criminosa. Bahia, com histórico criminal, voltou a ser investigado após um vídeo ameaçador. No total, a operação deteve dez homens e três mulheres, incluindo suspeitos de nacionalidades estrangeiras. Durante a ação, foram apreendidas quantidades significativas de drogas, um simulacro de arma de fogo e balanças de precisão.

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