Treinamento de cães para auxiliar pacientes em crise de autismo e depressão

Paulo Henrique Serrati, de 31 anos, sempre teve cães como parte de sua vida, exceto em um momento de depressão em 2014, após a perda de sua boxer Kika. Decidido a preencher esse vazio, ele se aprofundou no mundo dos cachorros, inspirado por programas como o “Encantador de Cães” de César Millan, percebendo semelhanças entre o treinamento de cães e lideranças humanas.

Nascido em São Bernardo do Campo, Paulo era consultor de vendas, mas sua paixão pelos cães o levou a desenvolver uma nova metodologia de adestramento. Inicialmente autodidata em Maringá, no Paraná, ele notou resultados positivos não apenas com os animais, mas também em seu próprio bem-estar, ajudando no combate à depressão que enfrentava com medicamentos e terapia.

Com o sucesso de sua abordagem comportamental, Paulo decidiu seguir na área de treinamento de cães, abandonando a carreira corporativa. A pandemia de Covid-19 em 2020 intensificou a procura por adestramento, levando-o a considerar a criação de uma escola voltada para pessoas neurodivergentes, como autistas e portadores de TDAH.

Inicialmente focado em treinamentos para cães que atuam como suporte emocional, Paulo busca ajudar no tratamento desses pacientes, ensinando os animais a transmitir calma e conforto, sem acionar gatilhos que possam perturbar seus tutores. Sua dedicação ao universo dos cães o levou a uma nova missão de transformar vidas, tanto caninas quanto humanas.

Um post aborda como cães de serviço são treinados para ajudar em crises, após conversas com profissionais de saúde no tratamento de diversas neurodivergências. Patrícia, por exemplo, tinha crises ligadas a um transtorno de personalidade e seu cão Scott foi treinado para intervir. Scott consegue antecipar crises e acalmar Patrícia com focinhadas e pressão corporal.

Para cada paciente, o treinamento dos cães é personalizado. A escolha da raça é feita considerando o perfil do paciente, como golden retriever e labrador por serem dóceis. Os cães de serviço têm suas caldas pintadas com cores chamativas para serem identificados, sendo considerados “profissionais” da saúde.

O adestramento dos cães de serviço pode durar até dois anos e a interação com o tutor é crucial. Manu destaca a mudança no comportamento de sua filha com autismo com a chegada do cão Tandy. A rotina da família foi impactada positivamente pela presença do animal.

Uma mãe compartilhou a importância do seu cachorro, Tandy, na vida da sua filha Maia. Além de ser uma grande companhia e incentivá-la a se envolver em diferentes atividades, Tandy também ajuda Maia a se socializar com outros cães e pessoas, permitindo que ela explore o mundo ao redor.

Tandy passou por um treinamento especial na Adestra House, em São Bernardo, onde aprendeu a intervir durante crises de Maia, como abraçá-la firmemente para acalmá-la. O adestrador Paulo mencionou que os cães também podem ser treinados para detectar situações de risco, como alertar sobre variações nos níveis de açúcar de pessoas com diabetes.

Além disso, cães como Kiara e Odin são utilizados na terapia de pacientes em clínicas e hospitais. A psicóloga Bruna Di Napoli aumentou o engajamento de adolescentes e pré-adolescentes em sessões terapêuticas com a presença desses animais, que proporcionam interações positivas e relaxantes.

Em um caso específico, uma criança autista de 5 anos viu uma revolução em sua vida ao interagir com Kiara, que trouxe calma e conforto para ele. O uso de animais como terapeutas tem se mostrado eficaz em diversos contextos, ajudando os pacientes a desenvolver habilidades e se conectar de maneira mais significativa com o mundo ao seu redor.

Uma adestradora de cães chamada Amanda destacou a importância do treinamento de cães para auxiliar pessoas em atividades diárias, promovendo assim a independência. Ela mencionou que isso contribui para o desenvolvimento das habilidades dessas pessoas para lidarem com as tarefas cotidianas.

Atualmente, somente cães guias para pessoas com deficiência visual têm permissão para circular em todos os ambientes. No entanto, um projeto de lei, o 10.286o/18, propõe que cães de assistência para pessoas com qualquer tipo de deficiência, incluindo as neurodivergentes, também possam acompanhar seus tutores em meios de transporte e locais públicos. Pacientes e profissionais de saúde que se beneficiam do apoio desses cães aguardam ansiosos a aprovação desse projeto, que está em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

É importante ficar atualizado sobre o que acontece em São Paulo, cidade onde essas iniciativas estão sendo discutidas. Siga os perfis de notícias locais nas redes sociais e esteja por dentro dos próximos passos dessa e de outras propostas que impactam diretamente na qualidade de vida das pessoas.

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